Ao mesmo tempo, o chefe de Estado iraniano, segundo um seu porta-voz, referiu que o Presidente cessante, Joe Biden, durante os quatro anos em que esteve à frente da Casa Branca, manteve políticas negativas para a região do Médio Oriente, considerando-as como "um dos piores desempenhos nos últimos 60 anos".
"Esperamos que a posição dos Estados Unidos se baseie no realismo, no direito internacional e nos desejos do povo iraniano", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Esmaeil Baqaei, que afirmou que esta é uma "posição consistente" por parte de Teerão.
O porta-voz também criticou o facto de "os últimos 16 meses terem sido passados a defender um genocídio", em referência à ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza.
"Por acaso, o acordo de cessar-fogo foi alcançado nos últimos dias desta administração", disse, antes de sublinhar que "esta mancha permanecerá nas mentes dos povos da região, especialmente daqueles prejudicados pela agressão do regime [israelita]".
Baqaei, citado pela agência noticiosa iraniana Tasnim, recordou ainda que, a nível bilateral, "os Estados Unidos continuaram as suas ações agressivas" e criticou o facto de terem mantido uma postura "pouco séria" nas conversações destinadas a reavivar o acordo nuclear de 2015, prejudicado pela decisão de Trump de o abandonar unilateralmente em 2018.
A este respeito, afirmou que o Irão "não negociará sobre as suas capacidades defensivas" nas conversações para reavivar o acordo, na sequência dos últimos contactos com os países do 'E3' - França, Reino Unido e Alemanha -, antes de reiterar que agirá "reciprocamente" se o mecanismo redutor (conhecido por 'snapback') para a reimposição de todas as sanções anteriores a 2015 for reativado.
"Não é invulgar que as partes apresentem os seus argumentos, o que não é inédito. No entanto, o que é preciso ter em conta é que o Irão não negociará de forma alguma as suas capacidades defensivas e militares", defendeu, afirmando que a "resposta" de Teerão sobre este ponto "foi clara".
Durante o seu primeiro mandato, entre 2017 e 2021, Trump retirou unilateralmente os Estados Unidos do histórico acordo nuclear assinado com o Irão em 2015 e impôs uma bateria de sanções contra Teerão, o que levou o país a reduzir os seus compromissos com o pacto até Washington voltar a cumprir as suas cláusulas.
Em janeiro de 2020, os Estados Unidos realizaram também um bombardeamento no aeroporto de Bagdade, capital do Iraque, matando o então chefe da Força Quds da Guarda Revolucionária Iraniana, Qassem Suleimani, e o "número dois" das Forças de Mobilização Popular (PMF) - uma coligação de milícias iraquianas pró-governamentais apoiadas pelo Irão - Abu Mahdi al Muhandis.
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