
O membro da Guarda Nacional Aérea norte-americana Jack Teixeira, condenado por divulgar informação confidencial do Pentágono, declarou-se culpado de acusações adicionais perante um tribunal marcial, apelando ao perdão do Presidente Donald Trump.
Num discurso de 10 minutos, o lusodescendente de 22 anos reivindicou ser um "patriota" e disse ter divulgado a informação confidencial para "expor e corrigir as mentiras que foram ditas pelo [ex-]Presidente [Joe] Biden e transmitidas à força ao povo americano" sobre a guerra na Ucrânia.
"Acredito que o Departamento de Justiça foi politizado contra o Presidente Trump e contra mim", acrescentou Teixeira, que disse ter agido sozinho e apelou aos membros da nova administração para que revertam as suas condenações.
"Se eu salvei uma vida americana, russa ou ucraniana nesta guerra de dinheiro, a minha punição valeu a pena", disse Teixeira, considerado culpado de seis acusações de retenção e transmissão intencionais de informações de defesa nacional ao abrigo da Lei de Espionagem, que lhe valeram a condenação a 15 anos de prisão em novembro.
Teixeira admitiu ter partilhado na rede social Discord a documentação secreta e o acordo de confissão estabelecido com a acusação prevê a sua dispensa militar desonrosa sem pena de prisão adicional, mas enfrentando agora em tribunal militar acusações adicionais de desobediência e obstrução à justiça.
Na primeira audiência em tribunal militar, na segunda-feira, o advogado de Teixeira, o tenente-coronel Bradley Poronsky, argumentou que a acusação de obstrução à justiça deveria ser rejeitada ou não acarretar pena, defendendo que se trata de uma dupla penalização, por já ter sido considerada na sentença de Teixeira em novembro.
Perante a juíza militar Vicki Marcus, a acusação defendeu estar em causa uma conduta diferente, num momento diferente dos atos que obstruíram a justiça no caso federal.
A juíza aprovou o acordo, mas ainda não se pronunciou sobre a sentença, o que deverá fazer ainda esta quinta-feira.
Jack Teixeira vestiu o seu uniforme militar para os procedimentos na Base Aérea de Hanscom em Massachusetts e vários membros da família compareceram à audiência.
Jack Teixeira expôs avaliações secretas da guerra da Rússia na Ucrânia
O jovem, que fazia parte da 102.ª Unidade de Informações da Base Aérea da Guarda Nacional de Otis, em Massachusetts, trabalhou essencialmente como especialista em tecnologias de informação responsável pelas redes de comunicações militares.
A fuga de informação de Teixeira expôs avaliações secretas da guerra da Rússia na Ucrânia, incluindo dados sobre movimentos de tropas e o fornecimento de material e equipamentos para tropas ucranianas.
A violação de segurança forçou o Governo de Biden a tentar conter as consequências diplomáticas e militares e levou o Pentágono a reforçar os controlos para proteger informações confidenciais, além de penalizar membros que intencionalmente ignoraram o comportamento suspeito de Teixeira.
O jovem admitiu em tribunal ter destruído um telemóvel, um disco rígido de um computador e um iPad, após ter visto algumas notícias sobre a fuga de documentos, e também ter dito a um amigo para destruir mensagens trocadas.
"Estava assustado com uma potencial investigação policial sobre mim e os meus amigos" , disse esta quinta-feira em tribunal.
O pai do jovem, também chamado Jack Teixeira, descreveu-o como "um bom miúdo, enérgico, inteligente e diferente" e disse ter "ficado entusiasmado" quando o filho decidiu alistar-se no exército, por lhe ter dado uma direção e a oportunidade de ver o mundo.
"Ele cometeu um erro", disse a mãe, Dawn Dufault, que defendeu que o jovem "merece uma segunda oportunidade".