O Presidente da República foi cauteloso nas palavras sobre a greve no INEM e as falhas no socorro que estão a ser alvo de inquérito, mas foi defendendo que as instituições devem funcionar para responder às populações e que “mais vale prevenir do que remediar”.
Questionado sobre as mortes que terão acontecido relacionadas com os atrasos no socorro, ainda que investigadas neste momento, Marcelo Rebelo de Sousa não se quis pronunciar, dizendo apenas que é “urgente encontrar respostas rápidas” para este assunto.
“O que posso desejar é que se encontre a melhor solução a pensar nos portugueses e nas portuguesas”, afirmou o chefe de Estado, apelando à urgência nas ações: “Isso é o que, a todo o momento, todos os que têm responsabilidades administrativas e políticas são chamados a resolver. Os problemas multiplicam-se e agravam-se com o tempo, e é urgente encontrar respostas rápidas.”
Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa refere que só em momentos extraordinários se pronuncia sobre questões de governação. “Eu não gosto de falar de problemas específicos da governação ou da administração pública, só quando são muito urgentes, muito prementes, como o caso do INEM, ou dos profissionais da emergência médica, ou da saúde. Têm picos de maior incidência na vida das pessoas.”
Em declarações aos jornalistas esta manhã, depois de estar presente na sessão de abertura do 13.º Congresso Nacional da Administração Pública, o Presidente falou ainda da moção de censura que o Chega apresentou ao Governo Regional da Madeira, dizendo que se está “na fase de ter de esperar pela decisão soberana”. O Presidente recusou dizer o que fará caso o Governo de Albuquerque caia – ou na moção de censura ou depois na votação do Orçamento regional – e disse apenas que está em permanente contacto com o representante da República na Madeira, Ireneu Barreto, que tem o poder formal de decidir o que fazer.
O Presidente da República afasta para já o cenário de eleições regionais, argumentando que é preciso aguardar pela votação da moção. “Não devemos colocar o carro à frente dos bois. O que acontece é que há uma iniciativa parlamentar, que vai ser votada daqui a uma semana, mais dia menos dia, e, portanto, vale a pena esperar e ver o que sucede.”
O representante da República vai analisar os sentidos de voto e ouvir os partidos, sendo para já “prematuro”, de acordo com o Presidente, adiantar se haverá eleições.
“A Europa ganhou um bom presidente do Conselho Europeu”
Esta quinta-feira cumpre-se um ano sobre a demissão de António Costa do Governo, na sequência da Operação Influencer, e, para Marcelo Rebelo de Sousa, o que mudou foi que “a Europa ganhou um bom presidente do Conselho Europeu, o que não era conseguível no dia 6 de novembro de 2023". "Parecia afastado e aconteceu”, sublinhou.
Quanto ao resto, “os portugueses chamados a decidir, decidiram mudando a orientação, embora mantendo o equilíbrio de forças políticas. A economia aguentou bem, as agências de notação continuam a dar notações elevadas, a economia vai andando bem”, disse.
“Diria que neste momento temos na Europa alguém muito competente e bom para Portugal. E, em Portugal, temos o que o povo decidiu e temos uma transição calma e tranquila”, sintetizou.
Referindo-se à Alemanha, deu por garantida a queda do Governo no país. “Não é apenas a economia que está numa situação difícil. Terão eleições antecipadas no ano que vem, e ninguém previa essas eleições.”
A reboque da situação política alemã, Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que "é muito difícil para a administração pública" viver e trabalhar "num novo quadro político, com um novo tempo político, que é muito acelerado". E fala de uma realidade que também se aplica a Portugal: "Condiciona a vida da administração pública. Os ciclos eleitorais são muito, muito curtos e há projetos que têm de ser mais longos, exigem mais continuidade e uma definição a médio prazo."