No inicio da década de 1920, Espanha vivia em permanente instabilidade política e social. Os governos sucediam-se, assim como os confrontos sociais e a violência política. A este contexto, acresceu o desastre do exército espanhol no Norte de África, em 1921, que pôs em causa as chefias militares e até o próprio rei, Afonso XIII. Ganhou então força a corrente que apoiava uma ditadura militar como forma de estabilizar o país. A 13 de setembro de 1921, o general Miguel Primo de Rivera, capitão general da Catalunha, liderou um pronunciamento militar que resultou na suspensão da Constituição liberal de 1876 e na formação de um diretório militar. De inicio, a solução contou com o apoio do rei e de parte da sociedade espanhola, inclusive com a benevolência do PSOE e da organização sindical da UGT. Até 1927, Primo de Rivera beneficiou de conjuntura internacional favorável para estruturar um regime ditatorial inspirado pelo corporativismo que anulou a autonomia catalã e que, economicamente, pretendia tornar a Espanha auto suficiente.

O governo de Primo de Rivera foi depois abalado pela crise económica de 1929, pelo afastamento do PSOE e UGT, e pelo abandono dos seus antigos aliados: desde os industriais catalães às chefias militares. Por fim, quando Primo de Rivera percebeu que também deixara de ter o apoio de Afonso XIII, decidiu demitir-se e partir para o exílio em Paris (janeiro de 1930). O reinado de Afonso XIII, profundamente comprometido com o ditador, ficara porém com os dias contados. Em abril de 1931, cerca de uma ano e meio depois da demissão de Primo de Rivera,foi proclamada a II República espanhola.

Tiago Pereira Santos

Um diálogo descontraído em torno da História, dos seus maiores personagens e acontecimentos. 'A História repete-se' não é uma aula, mas quer suscitar curiosidade pelo passado e construir pontes com o presente. Todas as semanas Henrique Monteiro e Lourenço Pereira Coutinho partem de um ponto que pode levar a muitos outros... São assim as boas conversas. Oiça aqui outros episódios: