"Reafirmo a minha inocência e acredito que a Justiça irá funcionar. Relativamente à minha continuação no Governo e perante uma suspeita tão grave, já tinha colocado o cargo à disposição do primeiro-ministro, na semana passada, por duas razões: para que eu possa defender o meu bom nome e não permitir que o Governo seja manchado", referiu hoje, numa declaração aos jornalistas, na Praia, depois de a notícia ter sido avançada, na quarta-feira, pelo portal Santiago Magazine.

Carlos Santos disse que um advogado, amigo de longa data, Amadeu Oliveira, lhe pediu, em 2014, que recebesse 25 mil euros numa conta bancária, em Portugal.

O dinheiro seria proveniente "de um cliente a quem ele teria prestado serviços de advocacia" e "justificou esse pedido porque não teria conta em Portugal".

"Baseado na relação de confiança e pelo fato de ser um advogado, aceitei e disse-lhe que eu poderia devolver o valor, aqui, em Cabo Verde", o que fez, referiu Carlos Santos, acrescentando que também aceitou o pedido por ter mensalmente "a obrigação de pagar uma prestação bancária, em Portugal", onde adquiriu um apartamento, em 2004, onde residia com a família.

Na última semana, o governante diz ter sido notificado pelo Ministério Público cabo-verdiano, confrontando-o com "suspeitas de lavagem de capital em torno daquela operação bancária", que até hoje assumiu "como uma simples transação, empréstimo".

Carlos Santos diz ter entregado à procuradora responsável pelo processo cópias dos 'emails' trocados na altura com Amadeu Oliveira, com registos "do depósito e das devoluções" da verba.

"Obviamente estou estupefacto, surpreendido e triste, pois uma mera transação, empréstimo feito com boa fé é transformado nesta suspeita", referiu, acrescentando que "toda a situação aconteceu entre 2014 e 2016, quatro anos antes de integrar o Governo".

O economista Carlos Santos assumiu o Ministério do Turismo e Transportes em janeiro de 2020, na IX legislatura, substituindo José Gonçalves, mantendo as pastas na X legislatura (atual, desde 2021), sempre sob a batuta do primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva, com suporte da maioria parlamentar do Movimento pela Democracia (MpD).

LFO // JMC

Lusa/Fim