Falando na tribuna da Assembleia-Geral da ONU em vez do Presidente russo, Vladimir Putin, que há anos não se desloca a Nova Iorque, Lavrov advertiu também contra a eventual entrada da Ucrânia "para a NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental)".
O Ocidente "espera derrotar a Rússia servindo-se do regime neonazi e ilegítimo de Kiev, mas está desde já a preparar a Europa para se lançar numa aventura suicida", ameaçou o chefe da diplomacia russa.
Como Putin faz regularmente, Lavrov falou da "ideia insana e perigosa de lutar até à vitória contra uma potência nuclear".
Na mesma tribuna, também o seu homólogo chinês, Wang Yi, se pronunciou contra a "expansão" do conflito na Ucrânia e apelou a todas as partes para evitarem "provocações".
Na sexta-feira, numa declaração conjunta, a China, o Brasil e mais uma dezena de países do Sul instaram "todas as partes a absterem-se de utilizar ou ameaçar utilizar armas de destruição maciça, em particular armas nucleares e químicas".
O chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, a concluir um périplo pelos Estados Unidos, onde discursou na Assembleia-Geral e no Conselho de Segurança da ONU, reuniu-se com o Presidente norte-americano, Joe Biden, com a vice-presidente, Kamala Harris, e com os líderes do Congresso, manteve na sexta-feira um encontro com o ex-presidente e atual candidato presidencial republicano, Donald Trump, que mais uma vez se comprometeu a "resolver" a guerra na Ucrânia se for reeleito, a 05 de novembro.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se, havendo mesmo alguns países a autorizar Kiev a utilizar armamento de longo alcance para atacar território russo.
Nas últimas semanas, as tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguiram o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
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