O presidente do Governo da Madeira, o social-democrata Miguel Albuquerque, criticou, esta terça-feira, a "irresponsabilidade política" dos que querem alcançar o poder na região tendo como "bengala" o Chega, "comandado a partir de Lisboa".

"A região assiste hoje, estupefacta, a mais um número circense de irresponsabilidade política total", afirmou Miguel Albuquerque no discurso de abertura da discussão da moção de censura ao Governo Regional do PSD apresentada pelo Chega.

A moção será aprovada caso os partidos da oposição mantenham as posições anunciadas na última semana.

A concretizar-se, esta será a primeira vez em quase 50 anos de autonomia que um Governo Regional é derrubado com recurso a uma moção de censura.

Para o chefe do executivo madeirense, "os interesses essenciais do madeirenses e porto-santenses são relegados para plano secundário" e, neste momento, "o que prevalece são as ambições desmedidas de certos protagonistas derrotados repetidamente nas urnas", que querem, "através de todos os expedientes, alcançar o poder a todo o custo na região".

"Chega promove instabilidade para a esquerda singrar"

Criticando a "esquerda ressentida" e o Chega - que, no seu entendimento, se "transformou numa servil bengala da esquerda" -, o social-democrata referiu que "os sermões do senhor Ventura [líder nacional do Chega] não escondem uma evidência: na prática, o Chega, na Madeira e no continente, é hoje o maior aliado dos socialistas e das esquerdas".

"O Chega promove instabilidade para a esquerda singrar, abre a porta aos desmandos do socialismo até o socialismo se instalar. É assim na Assembleia da República", afirmou.

Para o governante, "toda esta cena patética, promovida pelo Chega, visa decapitar um governo e uma liderança ratificada, primeiro pelos militantes do PSD/Madeira e, depois, pelos eleitores madeirenses" nas eleições regionais antecipadas que se realizaram em 26 de maio.

Albuquerque argumentou que "ninguém percebe esta aliança tática entre o Chega e as esquerdas, mas as consequências são graves" e todos podem "pagar muito caro as estratégias irresponsáveis e arrogantes do senhor Ventura".

Albuquerque disponível para esclarecer "o que tiver de ser esclarecido"

Nenhum dos elementos do executivo madeirense que é arguido em processos de investigação, sublinhou, "está acusado ou condenado por qualquer crime" e "todos estão conscientes de que não praticaram qualquer ilícito e estão na plena posse dos direitos civis e políticos", disse, referindo-se a si próprio e aos quatro secretários regionais envolvidos em casos judiciais distintos.

"Quer eu, quer os meus colegas estamos disponíveis para esclarecer o que tiver de ser esclarecido em foro judicial", reforçou, atestando que não se "intimidam com as calúnias e suspeições abjetas lançadas para a obtenção de fins meramente políticos".

Miguel Albuquerque opinou que "o justicialismo populista através de denúncias anónimas está na moda", ampliado "pelas alarvidades debitadas nas redes sociais", constituindo-se numa "forma de destruir reputações, aniquilar adversários políticos, pulverizar governos e instituições, tendo em vista a tomada do poder".

Esta é uma "forma de fazer política" com recurso a "ferretes da mentira, da distorção dos factos e do uso indevido das instituições judiciarias", complementou.

"Connosco isso não pega, pois sabemos que a denúncia anónima e a suspeição infundada são hoje instrumentos políticos utilizados pelos populistas para viciarem o jogo político democrático", vincou.

Para Albuquerque, o parlamento madeirense "não pode ser convertido numa instância judiciária ou de investigação judiciária a pretexto dos caprichos políticos de A ou B", declarando:

"Eu e os meus colegas recusamos ser julgados por um tribunal político, como no tempo da ditadura."