O motorista do autocarro incendiado esta madrugada na zona de Santo António dos Cavaleiros, em Loures, está internado em estado grave no Hospital Santa Maria, em Lisboa.

O motorista teria a janela aberta quando chegou ao local e, ao que tudo indica, terá sido arremessado um objeto a arder para dentro do autocarro, o que provocou o incêndio.

Ao que a SIC apurou, o homem tem ferimentos graves no tórax e no rosto.

O incidente aconteceu por volta da 1h, na Rua Guerra Junqueiro, na Cidade Nova, em Santo António dos Cavaleiros.

As chamas propagaram a três carros que estavam estacionados ao lado do autocarro, mas foram extintas em poucos minutos pelos bombeiros.

De acordo com a PSP, dois autocarros e sete veículos foram incendiados durante os desacatos da última noite, desencadeados pela morte de Odair Moniz.

Além dos veículos queimados, foram ainda registados vários focos de incêndio em caixotes do lixo nos concelhos da Amadora, Sintra, Oeiras, Odivelas, Barreiro, Lisboa e Almada.

A morte que desencadeou os distúrbios

Odair Moniz morreu na madrugada de segunda-feira, na Cova da Moura, após ser baleado pela PSP. O cabo-verdiano, de 43 anos, ainda foi levado para o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, mas acabou por morrer.

Segundo a PSP, o homem colocou-se "em fuga" num automóvel após ver uma viatura policial e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".

O incidente levou a Inspeção-Geral da Administração Interna a abrir um inquérito urgente, assim como a PSP. O agente que baleou Odair foi constituído arguido.

Os distúrbios começaram na madrugada de terça-feira, no bairro do Zambujal, na Amadora, onde vivia Odair. Desde então, os desacatos alastraram-se a outros concelhos da Área Metropolitana de Lisboa e já causaram quatro feridos, muitos danos e três pessoas foram detidas.

"A violência física nunca é solução para os problemas sociais"

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta quinta-feira que a "violência física nunca é solução para os problemas sociais", numa reação aos desacatos das últimas noites, em Lisboa.

O chefe de Estado disse que é necessário esperar pelos resultados da investigação antes de apontar responsabilidades à morte de Odair Moniz.

Em entrevista aos jornalistas, reconheceu que, "apesar de tudo", esta quarta-feira à noite "houve uma acalmia" nos bairros e municípios atingidos nos dias anteriores.

Marcelo afirmou ainda "esperar e desejar" que haja uma desescalada da violência e, portanto, "o triunfo do bom senso, da paz, e a rejeição de aquilo que não é solução".