As autoridades talibãs, que controlam o poder no país desde 2021, proibiram as mulheres de frequentar institutos médicos e semiprofissionais para receberem formação, divulgou hoje a televisão afegã.

A decisão, aprovada pelo líder supremo do grupo, o mullah Hibatullah Akhundzada, foi comunicada ao Governo durante uma reunião realizada na segunda-feira com altos funcionários do Ministério da Saúde em Cabul, segundo a cadeia de televisão afegã Amu TV.

Fontes citadas por este meio de comunicação indicaram que "as mulheres já não poderão estudar nestas instituições", que eram das poucas que ainda mantinham as portas abertas à educação feminina, diante das extensas proibições impostas pelo grupo fundamentalista islamita.

Os talibãs proibiram o acesso das mulheres às universidades em dezembro de 2022, levando muitas a procurarem educação nestes institutos para continuarem a formação e tentarem aumentar a possibilidade de obtenção de emprego.

De acordo com informações recolhidas pela agência de notícias afegã Jaama Press, existem mais de 160 institutos médicos no país, incluindo dez centros públicos em Cabul e em várias províncias. Estes centros também contratavam professoras para lecionar aulas.

Desta forma, a nova proibição impedirá os estudantes de participarem em cursos para serem parteiras, dentistas ou enfermeiras, o que irá impactar ainda mais a escassez de pessoal nos hospitais e outros centros de saúde no Afeganistão.

A medida foi imediatamente condenada pelo encarregado de negócios do Reino Unido para o Afeganistão, Robert Dickson, que se mostrou "profundamente preocupado" com esta informação.

"É uma nova afronta ao direito das mulheres à educação e vai aumentar as restrições ao acesso aos cuidados de saúde para as mulheres e crianças afegãs", lamentou Dickson através de uma mensagem publicada na rede social X.

Os talibãs promulgaram a chamada 'Lei para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício' em agosto, institucionalizando a discriminação contra as mulheres e alargando as restrições, incluindo uma "lei do silêncio", que declara que a voz da mulher só pode ser ouvida "em casos de necessidade".