No início havia um rio, o maior da Península Ibérica, e uma terra fértil, rica em recursos agrícolas, animais e minerais. A partir do século VII a.C., as populações nativas que habitavam os territórios da foz do rio Tejo começaram cada vez mais a ser visitadas, primeiro por civilizações vindas do Mediterrâneo oriental,seguidas dos Romanos, que já dispunham tecnologia de navegação suficientemente avançada para se aventurarem para lá do estreito de Gibraltar, nas perigosas águas do Mar Oceano, em busca das riquezas naturais dos confins da terra conhecida.

Encontraram no estuário do Tejo o lugar ideal para proteger as embarcações dos perigosos invernos atlânticos, e melhor ainda, penetrar através do rio nos ricos territórios peninsulares que já conheciam pelos contactos com outras populações do Sul e do Levante da Ibéria.

Uma prova espetacular desse momento de encontro foi a descoberta, há pouco mais de uma década
durante as obras para um hotel, perto do Campo das Cebolas na zona ribeirinha de Lisboa. A servir de alicerce num edifício romano, os arqueólogos encontraram uma pedra tumular com caracteres de uma escrita desconhecida, mais tarde identificada como fenícia. É uma das mais antigas inscrições da Europa ocidental e mostra como, no século VII antes de Cristo, a população local já se fazia sepultar da mesma forma que os povos do mediterrâneo oriental.


Este é apenas um dos vários indícios de que, perto da foz do maior rio da Península Ibérica, estava a nascer uma cidade. Aos poucos, arqueólogos e outros especialistas vão construindo um puzzle de uma ocupação que conta com quase 3 mil anos. Hoje nas Histórias de Lisboa vamos escavar o maior arqueossítio nacional, em busca do Lugar de Lisboa.

No episódio desta semana, o jornalista Miguel Franco de Andrade conversa com a arqueóloga Jacinta Bugalhão, sobre como começou a nascer a cidade que hoje conhecemos como Lisboa. Oiça aqui a entrevista

SIC Notícias

Histórias de Lisboa é um podcast semanal do jornalista da SIC Miguel Franco de Andrade com sonoplastia de Salomé Rita e genérico de Nuno Rosa e Maria Antónia Mendes.

A capa é de Tiago Pereira Santos em azulejo da cozinha do Museu da Cidade - Palácio Pimenta.

Ouça aqui as ‘Histórias de Lisboa’: