O ministro da Defesa Nacional manifestou, esta quarta-feira, a convicção de que os Estados Unidos da América "saberão estar à altura das suas circunstâncias" também no contexto NATO, tal como "aconteceu no passado, independentemente das administrações".
"Tenho a certeza de que, tal qual sucedeu no passado, independentemente das administrações, republicanos ou democratas, os Estados Unidos saberão estar à altura das suas circunstâncias, também no contexto da NATO", disse Nuno Melo, em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia de abertura solene do ano letivo da Academia Militar, no concelho da Amadora, Lisboa.
O governante foi questionado sobre a vitória do republicano Donald Trump nas presidenciais norte-americanas e as consequências que poderá ter no plano geopolítico internacional, tendo começado por realçar que "os Estados Unidos da América são o quarto parceiro comercial de Portugal" e um país "aliado que partilha os valores de referência das sociedades ocidentais".
Nuno Melo saudou o Partido Republicano pela vitória eleitoral, realçou "a forma impecável como decorreu o processo eleitoral" e desejou "muita sorte" à nova administração.
"Uma administração americana que tenha sucesso, é importante obviamente para os Estados Unidos da América, mas num contexto geopolítico global e, desde logo, no âmbito das nossas alianças, é importantíssimo para Portugal e é importantíssimo para a NATO. E eu acredito que, como sucedeu sempre no passado, independentemente da natureza das administrações, no plano geoestratégico, a Europa e a NATO serão sempre realidades da primeira linha da política norte-americana", i nsistiu.
Trump incentivou Rússia a invadir países da NATO
Questionado sobre as declarações de Donald Trump no início deste ano, que incentivou a Rússia a invadir países da NATO que invistam menos em Defesa, o governante não quis comentar diretamente estas afirmações.
"Se eu tivesse que realçar todas as afirmações que são feitas pelos vários líderes políticos nos Estados Unidos e fora dos Estados Unidos em campanha, se calhar não sairíamos daqui. Por isso, a avaliação que eu faço é a que tem a ver com o relacionamento entre dois Estados, países aliados e amigos dos Estados Unidos são absolutamente cruciais no contexto da Europa, da NATO, e enquanto aliado de Portugal", r espondeu.
Já sobre o papel da União Europeia neste novo contexto, Nuno Melo afirmou que "a Europa está, por razão também das suas circunstâncias, obrigada a repensar, e está a fazê-lo também em Portugal, a sua defesa política, no âmbito e no contexto da NATO".
De acordo com o governante, isto é algo que já está a ser feito, uma vez que Portugal anunciou este ano, na cimeira da NATO, em Washington, a intenção de atingir os 2% do Produto Interno Bruto em despesas com a Defesa até 2029 - antecipando em um ano a meta anteriormente fixada pelo Governo de António Costa.
Momentos antes, Nuno Melo alertou os jovens alunos que o mundo está a viver "um momento de transição histórica profunda" com "desafios à ordem internacional do pós-primeira Guerra e de desfecho imprevisível".
"É um contexto geopolítico carregado de incertezas, marcado pela guerra na Ucrânia e o expansionismo russo, pelo agravamento dos conflitos no Médio Oriente, pela imprevisibilidade das opções políticas norte-americanas e pela redefinição estratégica centrada no Indo-Pacífico", realçou.
O ministro saudou os cadetes que iniciaram, esta quarta-feira, o ano letivo na Academia Militar e os oficiais destinados aos quadros permanentes do Exército e da Guarda Nacional Republicana (GNR) que receberam as suas cartas de curso, por terem escolhido esta instituição militar "para servir, a seu tempo, na Defesa Nacional", realçando que "vale a pena ser militar".
Numa cerimónia que contou com a presença do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, general Nunes da Fonseca, e do Chefe do Estado-Maior do Exército, general Mendes Ferrão, o governante assinalou ainda o facto de, pela primeira vez, dois alunos de Timor-Leste terem terminado o curso da Academia Militar.