Adbou Abarry fez este anúncio no final de uma reunião com o primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, para a apresentação da estratégia que está a ser elaborada conjuntamente entre a Organização das Nações Unidas e a Comunidade Económica dos Países da África Central (CEEAC) para implementar "reformas dos setores da segurança e da justiça em São Tomé e Príncipe".

"Na sessão de trabalho de hoje recolhemos os comentários e os pontos de vista de São Tomé e Príncipe, que vamos consolidar para termos um documento único na perspetiva de uma reunião que se vai realizar em Nova Iorque, em meados de dezembro, da Peacebuilding Commission [Comissão para a Construção da Paz], para ver como podemos mobilizar apoio financeiro e apoio da comunidade internacional a favor de São Tomé e Príncipe", disse Adbou Abarry.

O enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas destacou que São Tomé e Príncipe "faz um excelente trabalho em matéria de democracia, de estabilidade".

"Como muito bem disse o senhor primeiro-ministro, a Democracia tem um custo e esse custo não deve ser assumido unicamente por São Tomé e Príncipe, mas São Tomé precisa de financiamento e do apoio da comunidade internacional e nós reiterámos ao senhor primeiro-ministro o apoio das Nações Unidas, mas igualmente o da CEEAC [Comunidade Económica dos Estados da África Central] para poder levar a conclusões que sejam benéficas para o povo, o Governo e a população de São Tomé", disse Adbou Abarry.

Questionado pela imprensa sobre as prioridades da estratégia, Abarry disse que o documento ainda "está em progresso", mas apontou a necessidade de ações junto das Forças Armadas face a "um certo número de insuficiências em termos de disciplina, de coordenação" registadas na sequência da tentativa de golpe de Estado de 25 de novembro do ano passado.

Igualmente indicou o setor da justiça pelas dificuldades apresentadas nas últimas eleições.

"Não podemos ter uma democracia que seja viável enquanto não tivermos capacidade de um sistema de justiça que deva garantir uma justiça equitativa, não podemos ter estabilidade em matéria de democracia enquanto ao nível do exército não existir um certo número de princípios fundadores", comentou.

O enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas disse, ainda, que tudo o que se tem passado na África Ocidental e mesmo no Gabão recentemente, "sobre questões de mudanças anticonstitucionais, interpelam a comunidade internacional e interpelam a região e as instituições internacionais" como a CEEAC e o próprio Bureau UNOCA (escritório regional das Nações Unidas para a África Central).

Questionado ainda sobre as preocupações apresentadas em maio por um representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos que esteve em missão em São Tomé no seguimento dos acontecimentos de 25 de novembro, Adbou Abarry disse que o primeiro-ministro são-tomense foi convidado a ir a Genebra para as comemorações dos 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e que aceitou o convite, onde "dirá quais os progressos que foram alcançados" em matéria de reformas no arquipélago.

"Ele partilhou algumas connosco, mas quando for a Genebra irá falar. Encontrei um homem que é sincero, que está comprometido, que vai colocar os verdadeiros problemas sobre a mesa e que vai dizer o que São Tomé pode fazer sozinho, mas também o que São Tomé não pode fazer sozinho e pedir o apoio da comunidade internacional", disse.

"É uma honra para São Tomé ter sido convidado para a celebração do aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos", acrescentou Abdou Abarry.

 

JYAF // MLL

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