"Esta minha decisão faz parte da estratégia que estamos a preparar há mais de um ano para o futuro próximo", garante Luís Montez, reagindo às notícias publicadas há dias sobre o fim da ligação entre a sua promotora e o festival que há anos movia meio Portugal e muitos estrangeiros para o Meco. "Foi há quase 30 anos que lancei à Super Bock o desafio de patrocinarem um festival de música — uma iniciativa cultural completamente nova e, por isso, nessa altura com alguma dose de risco para a minha empresa" —, recorda, apontando que agora essa ligação chega ao fim.

"Ao fim de 28 edições e de toda a história do festival, entendi enquanto empresário, embora em sintonia com a marca, que este era o momento certo para a Música no Coração terminar o envolvimento com o Super Bock Super Rock, entregando uma marca e um legado ímpar, que conquistou reputação nacional e internacional", explica Montez, certo de que o festival continuará, com os próximos organizadores a "honrar e dar continuidade a este património cultural", que nas mãos de Montez trouxe aos fãs de música grandes momentos, como as participações de Cure, Morphine, David Bowie, Van Morrison, Coldplay, Pixies, Metallica, Prince, Arcade Fire, Kendrick Lamar ou Måneskin, entre centenas de outros.

Não se trata mesmo do fim, apenas do fim do ciclo que ligava a Música no Coração ao Super Bock Super Rock, que criou e acarinhou durante estas três décadas. E se Montez assume trazer "a música no coração", o que aqui se desenha é um até já, não um adeus. Um momento de pausa para reflexão, que promete trazer novidades a muito curto prazo. "O mundo mudou, os festivais estão a mudar e nós queremos estar na frente, sempre entre os melhores", afirma o empresário numa nota a que o SAPO teve acesso. E promete mesmo: "Vamos continuar a promover a cultura e a música, a acompanhar as novas tendências e a criar momentos únicos para todos aqueles que se juntam para celebrar esta paixão comum. Sempre com Música no Coração."

Quanto ao que fica para trás, Luís Montez não dá pormenores, mas assume que "além de ter a música no coração, tenho, como é sabido, o coração na boca" e que, quando o contrato que o ligava à cervejeira terminou e não teve vontade de o renovar, o primeiro impulso foi "proteger as marcas e instituições que apoiam os meus festivais, que apoiam a cultura e às quais estou e estarei sempre grato, como é o caso da Super Bock". "Felizmente, tenho uma equipa que me acompanha e apoia sempre, e que nestes dias me fez ver que não fiz total justiça ao trabalho e esforço que fizemos no Super Bock Super Rock", diz ainda, desejando "boa sorte" aos novos promotores que pegarem na marca.

"Este festival tornou-se referência entre os festivais nacionais e internacionais; trouxe a Portugal grandes nomes, passou por vários formatos e localizações, não só em várias cidades portuguesas, mas também em Espanha e Angola, e foi palco de tanta da melhor música portuguesa. Também esta mobilidade geográfica ajudou a singularizar e fortalecer o projeto. Orgulhamo-nos de tudo o que foi feito. Procurámos sempre ir ao encontro do público que ama a música, sem deixarmos de antecipar tendências, potenciando, assim, uma diversidade de sonoridades. Hoje é impossível falar da história da música ao vivo em Portugal sem falar do Super Bock Super Rock", vinca ainda, na mesma nota.