O Presidente Donald Trump sugeriu, esta terça-feira, que os palestinianos deslocados em Gaza sejam reinstalados "permanentemente" fora do território devastado pela guerra.
As declarações foram proferidas no início da reunião com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca, onde se espera que os dois líderes discutam o cessar-fogo e o acordo de reféns entre Israel e o Hamas.
"Não acho que as pessoas devam regressar", disse Trump, citado pela agência Associated Press (AP). "Não se pode viver em Gaza neste momento. Acho que precisamos de outro local. Penso que deve ser um local que faça as pessoas felizes", acrescentou.
Estes comentários foram feitos enquanto o Presidente norte-americano e seus conselheiros principais argumentavam que um cronograma de três a cinco anos para a reconstrução do território devastado pela guerra, conforme estabelecido no acordo de trégua temporário, não é viável.
"Se olharmos para as décadas passadas, só há mortes em Gaza", acrescentou Trump. "Isto está a acontecer há anos. É tudo morte. Se conseguirmos uma área bonita para reinstalar as pessoas, permanentemente, em casas bonitas onde possam ser felizes e não sejam baleadas e não sejam mortas e não sejam esfaqueadas até à morte como está a acontecer em Gaza".
Questionado sobre quantos palestinianos deveriam ser realojados, Trump respondeu: "Todos eles. Provavelmente 1,7 milhões, talvez 1,8 milhões. Mas penso que todos. Seriam reinstalados num local onde possam ter uma vida bonita", disse citado pela EFE.
O Presidente dos EUA Trump descreveu ainda a Faixa de Gaza como um "local de demolição" e disse, que, depois de olhar "de todos os ângulos" para as fotografias do enclave, após a guerra com Israel, chegou à conclusão de que "aquele lugar é um inferno, é muito perigoso e ninguém pode viver lá".
"Não acho que as pessoas devam regressar a Gaza. Vivem como se estivessem no inferno. Gaza não é um sítio onde se possa viver e a única razão pela qual querem voltar, e acredito firmemente nisto, é porque não têm outra alternativa. Qual seria a alternativa? Se tivessem uma alternativa, prefeririam não regressar a Gaza e viver num lugar bonito e seguro", sustentou.
Jordânia e Egipto deviam acolher refugiados palestinianos, diz Trump
Desde que regressou ao poder, em 20 de janeiro, Trump reiterou este pedido em várias ocasiões, insistindo que a Jordânia e o Egito deveriam aceitar mais refugiados palestinianos provenientes de Gaza, uma ideia categoricamente rejeitada por estes dois países, bem como pelos Emirados Árabes Unidos, Qatar, Arábia Saudita, Autoridade Palestiniana e Liga Árabe.
É a primeira vez, no entanto, que os EUA sugerem que a reinstalação deve ser uma solução permanente e não temporária. Apesar da recusa da Jordânia e do Egito, Trump disse estar confiante de que ambas as nações acabarão por aceitar os palestinianos.
"Penso que a Jordânia e o Egito aceitarão. Sei que eles dizem que não os vão aceitar. Eu digo que vão aceitar, mas penso que outros países também os vão aceitar. Gaza é um local de demolição neste momento", afirmou, citado pela EFE.
Trump também sinalizou que pode ser considerando um estado palestino independente como parte de uma solução mais ampla para o conflito israelo-palestiniano de décadas. "Bem, muitos planos mudam com o tempo", disse aos jornalistas, quando questionado se ainda estava comprometido com um plano como o que traçou em 2020 e que pedia um estado palestino.
"Muitas mortes ocorreram desde que eu saí e agora voltei", disse Trump. "Agora estamos perante uma situação que é diferente - nalguns aspetos melhor e noutros pior. Mas estamos perante uma situação muito complexa e difícil que iremos resolver".
Já o primeiro-ministro israelita reconheceu o envolvimento do Presidente dos Estados Unidos no cessar-fogo em Gaza, alcançado em 19 de janeiro, e espera que a sua ajuda contribua para fazer avançar a segunda fase das negociações.
"Quando Israel e os Estados Unidos trabalham em conjunto, e o Presidente Trump e eu trabalhamos juntos, as hipóteses aumentam muito. Quando não trabalhamos juntos, isso cria problemas", afirmou Benjamin Netanyahu, no início da reunião, citado pela agência espanhola EFE.
Esta é o primeiro encontro de Trump com um líder estrangeiro desde o arranque do seu segundo mandato. É também a primeira vez que Netanyahu sai de Israel desde que o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de captura em novembro, uma decisão que Washington condenou veementemente e cuja jurisdição não reconhece.
- Com Lusa