O Parlamento Europeu (PE) reconheceu hoje Edmundo González, principal opositor ao regime de Nicolás Maduro, como o Presidente legítimo do país, com o voto contra da esquerda representada no hemiciclo. Durante a sessão plenária em Estrasburgo (França), os eurodeputados aprovaram uma resolução com 309 votos favoráveis, 201 contra e 12 abstenções, que reconheceu o líder da oposição, hoje exilado, como vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho.

Um grupo de eurodeputados socialistas, contudo, desalinhou da orientação de voto da esquerda e a favor do reconhecimento do Edmundo González como Presidente da Venezuela. Foi o caso de Francisco Assis, de Carla Tavares e dois dos eurodeputados oriundos das regiões autónomas: André Rodrigues, dos Açores, e Sérgio Gonçalves, da Madeira. Estes quatro portugueses foram, contudo, os únicos a desalinhar no grupo socialista.

A resolução conjunta teve origem nos dois grupos políticos de extrema-direita: os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR), que têm como principal nome a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e os Patriotas pela Europa, do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, e da líder da Frente Popular (França), Marine Le Pen. O Chega faz parte deste último grupo.

De acordo com as instituições venezuelanas, Nicolas Maduro venceu o sufrágio e foi reeleito para mais um mandato. Mas a oposição e grande parte da comunidade internacional reivindicam ao acesso às atas eleitorais para certificar os resultados. A oposição apresentou, inclusive, resultados opostos, que apontavam para uma alegada derrota de Maduro. Mas o regime venezuelano não disponibilizou até hoje as atas.

O texto aprovado esta quinta-feira em plenário instou os países da União Europeia a encetarem todos os esforços possíveis para assegurar a tomada de posse de Edmundo González no dia 10 de janeiro de 2025.

Acedendo a uma reivindicação do Partido Popular Europeu (PPE), a resolução também pede a detenção de Nicolás Maduro por "crimes contra a humanidade e por todas as graves violações dos direitos humanos".

A Esquerda e os Socialistas & Democratas votaram contra o texto e os liberais rejeitaram participar na votação, depois da inclusão da proposta do PPE no texto da extrema-direita.