
No discurso de abertura das jornadas parlamentares do PCP, em Leiria, Paulo Raimundo aludiu à ameaça do líder do Chega, André Ventura, de avançar com uma moção de censura caso o primeiro-ministro não dê explicações, até esta tarde, sobre a empresa da mulher e dos filhos que pode alegadamente beneficiar com a lei dos solos.
"Numa altura em que parece que se quer discutir tudo menos o conteúdo desta alteração, é boa altura para relembrar que, se é verdade que o PSD e o CDS são responsáveis por esta lei, também não é menos verdade que esta lei contou com o voto do Chega e da IL, e ao qual PS decidiu ir a jogo", afirmou.
Numa alusão ao Chega, Paulo Raimundo referiu que, "bem podem agora fazer os pinotes, todas as manobras que entendam, mas não conseguem limpar as mãos, que estão manchadas, desta alteração à lei, desta lei das negociatas, desta lei da especulação".
Recordando que a legislação em questão contou tanto com "alargada rejeição" tanto do PCP como de "várias instituições e pessoas" em Portugal, Paulo Raimundo considerou que a legislação foi "feita à medidas dos fundos imobiliários".
"O drama do acesso à habitação não se resolve insistindo nas opções que nos trouxeram à situação com que nos confrontamos hoje. Perante a crise, o Governo propõe cavalgá-la", criticou.
Em 24 de janeiro, a Assembleia da República recusou revogar o diploma que permite a reclassificação de terrenos rústicos como urbanos, cuja apreciação parlamentar tinha sido solicitada por BE, PCP, Livre e PAN.
Os deputados chumbaram, com votos contra do PSD, Chega, CDS, IL e abstenção do PS, os projetos de resolução de BE, PCP, PAN e Livre que visavam a "cessação de vigência" do decreto em questão.
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Lusa/Fim