A tripulação do helicóptero do INEM que tombou numa pedreira em Mondim de Basto estava ciente da possibilidade de ser levantado pó e, por isso, serem perdidas as referências visuais necessárias à aterragem.
A conclusão consta de um relatório divulgado esta sexta-feira pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), que dá conta de que a tripulação preparou um “plano para abortar” a aterragem caso tal acontecesse.
“Após executarem procedimentos de aproximação e reconhecendo a possibilidade de ser levantado pó na zona de aterragem, a tripulação definiu um plano para abortarem a aterragem em caso de falta das necessárias referências visuais”, lê-se no documento.
Durante a aproximação final, dada a quantidade de pó levantada pelo rotor do helicóptero - momento que foi até filmado - a tripulação da aeronave “perdeu contacto visual com o terreno”. Nessa altura, o piloto ao comando “iniciou o procedimento de aterragem falhada”.
“Em sequência, a aeronave colidiu com várias árvores de médio e grande porte, danificando o rotor principal e inviabilizando a descolagem.”
O mesmo relatório dá ainda conta de que o helicóptero, que ficou imobilizado sobre o seu lado direito, teve a zona direita do cockpit perfurada por um “pinheiro de grande porte”.
Porque aterrou o piloto na pedreira?
A investigação do GPIAAF revela ainda que as equipas de socorro no terreno tinham identificado um local de aterragem a cerca de 1,3 quilómetros de distância, “num largo próximo”, para onde a vítima seria transportada de ambulância para “posteriormente seguir de helicóptero”.
“Alguns elementos dos bombeiros locais e da GNR encontravam-se no largo, a preparar a chegada do helicóptero.”
Mas, de acordo com o documento, os pilotos receberam a atualização das coordenadas do local, tendo inserido as mesmas no sistema de navegação da aeronave e voado diretamente para lá.
Após dificuldades em localizar as equipas no terreno, o helicóptero do INEM “realizou várias voltas” até identificar um veículo de emergência, identificando depois um possível local para a aterragem na pedreira - diferente do inicialmente previsto.
Apesar do susto, a tripulação - composta por dois pilotos, um médico e um enfermeiro - saiu pelo próprio pé do helicóptero e apenas com escoriações ligeiras, tendo sido transportada para o hospital e, entretanto, recebido alta.