"Só na semana finda, recebemos mais de 1.500 pessoas que viviam num centro de acolhimento e regressaram à aldeia de Awasse. Recebemos também pessoas oriundas de Palma que voltaram à vila sede de Mocímboa da Praia", referiu, numa cerimónia pública em Pemba, capital provincial.
A localidade de Awasse fica num cruzamento que dá acesso aos distritos localizados mais ao norte, nomeadamente, Mueda, Mocímboa da Praia e Palma.
A insurgência tornou Awasse num local proibido, uma aldeia fantasma, vandalizada pelos grupos armados, um local que a polícia diz agora regressar à vida.
Apesar dos sinais de melhoria nas condições de segurança em Mocímboa da Praia e Palma, o comandante da polícia em Cabo Delgado manifestou preocupação pelo facto de ainda haver ataques pontuais nos distritos de Macomia e Nangade.
"Continuamos a trabalhar até ao último reduto do inimigo, que neste momento se localiza se em Macomia e Nangade, vamos trabalhar até à eliminação do último terrorista", acrescentou.
Vicente Chicote fez ainda um apelo para que os guardas de fronteira apertem o cerco à vigilância, para não deixarem passar suspeitos na linha que separa Moçambique da Tanzânia, ao longo do rio Rovuma.
"Vamos evitar a facilitação, a entrada de pessoas junto das fronteiras. Algumas pessoas quando entram, sufocam a população", concluiu.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.
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