O ato aconteceu por volta das 17:00 (18:00 em Lisboa) de terça-feira, quando o grupo passou pelas comunidades de Somas e Nimanro, posto administrativo de Mazeze, interior do distrito de Chiúre, no sul da província.

"Meus pais dormiram nas matas, estava tudo bem até que às 17:00 homens estranhos passaram a escassos metros da aldeia, uma criança viu e correu para alertar", relatou à Lusa um popular, a partir de Chiúre.

O momento criou pânico igualmente para a comunidade de Nimanro, também em Mazeze, que viu um grupo de homens, na sua maioria empunhando armas de fogo, e que passou a poucas centenas de metros da aldeia, o que precipitou a fuga dos residentes para as matas.

"Em Nimanro uma mãe deixou um filho menor por medo, mas nada de mal aconteceu", relatou outra fonte.

A passagem dos supostos insurgentes pelas aldeias de Mazeze não provocou vítimas ou estragos, mas deixou a população alarmada.

"Até aqui não se fala de mortes, mas é triste, a população está a passar por um momento ruím", lamentou outra fonte.

Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.

A população de outros distritos da província tem relatado a movimentação destes grupos de insurgentes, que provocam o pânico à sua passagem, nas matas, mas sem registo de confrontos, o que acontece numa altura em que os camponeses tentam realizar trabalhos de colheita nos campos de cultivo.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, afirmou no domingo que a ação das várias forças de defesa permitiu acabar com "praticamente todas" as bases dos grupos terroristas que operam em Cabo Delgado, que se limitam agora a "andar no mato".

"O resultado dessa conjugação de forças é surpreendente. Conseguiram desativar os terroristas de todas as vilas e aldeias que haviam sido ocupadas, destruíram praticamente todas as bases fixas do inimigo, tornando nómadas, e colocaram fora de combate muitos extremistas violentos, incluindo alguns dos seus principais dirigentes", disse Nyusi, em Mueda, província de Cabo Delgado.

O chefe de Estado reconheceu o esforço das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, em conjunto com os militares do Ruanda, da missão dos países da África austral e da Força Local, constituída por antigos combatentes da luta de libertação nacional, no combate a estes grupos nos últimos seis anos.

"Andam aí no mato, mas já não ficam num sítio porque têm medo de ser encontrados", disse ainda o Presidente, sobre a ação destes grupos insurgentes em alguns distritos de Cabo Delgado, renovando o apelo à população "para continuar a reforçar a vigilância".

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