"Não são apenas as crianças, é também o sistema da ONU que está a morrer em Gaza", argumentou o líder turco, descrevendo as Nações Unidas como uma "estrutura disfuncional" e garantindo que os "valores que o Ocidente diz defender estão a morrer".
No seu discurso, Erdogan questionou diretamente os representantes internacionais sobre se as populações de Gaza e da Cisjordânia "não são seres humanos", para logo depois defender que o pequeno enclave palestiniano, controlado pelo Hamas desde 2007, se transformou no "maior cemitério de crianças e mulheres do mundo".
"De que estão à espera para parar os massacres que estão a arrastar toda a região para a guerra?", interpelou também Erdogan, para quem a "liderança israelita está a cometer (...) genocídio" contra o povo palestiniano.
O chefe de Estado turco acrescentou que "tal como Hitler [líder nazi] foi travado pela aliança da humanidade há 70 anos, [o primeiro-ministro israelita, Benjamin] Netanyahu e a sua rede de assassinos também devem ser travados pela aliança da humanidade".
Os líderes mundiais começaram hoje a discursar na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, dando início a um dos pontos altos da 79.ª sessão da Assembleia-Geral, que começou no início do mês.
Ao longo dos próximos dias, chefes de Estado e de Governo, e outros altos representantes, dos 193 Estados-membros da ONU aproveitam este evento de alto nível, conhecido como Debate Geral, para abordar as questões que marcam a cena internacional e destacar as prioridades dos respetivos países.
A par de Erdogan, o primeiro dia do Debate Geral está a ser marcado pela intervenção inicial do secretário-geral da ONU, António Guterres, mas também pelos discursos dos Presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e do Brasil, Lula da Silva.
"Não deixar ninguém para trás: Agindo juntos para o avanço da paz, do desenvolvimento sustentável e da dignidade humana para as gerações presentes e futuras" é o tema de fundo da 79.ª sessão da Assembleia-Geral da ONU.
O conflito em curso em Gaza foi desencadeado por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 41 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
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