
O PAM, uma das principais organizações internacionais que fornecem alimentos ao território, indicou hoje em comunicado que entregou "os seus últimos 'stocks' de alimentos às cozinhas que servem refeições quentes" na Faixa de Gaza.
"Espera-se que estas cozinhas fiquem sem comida nos próximos dias", alertou a agência da ONU.
Israel bloqueou o acesso da ajuda humanitária ao território, antes de quebrar uma trégua de dois meses, alegando que pretende pressionar o grupo islamita palestiniano Hamas a libertar os reféns ainda mantidos na Faixa de Gaza.
Nos seus mais recentes ataques, as forças israelitas mataram 12 pessoas, incluindo uma mulher grávida e os seus três filhos, revelou hoje a Defesa Civil palestiniana.
"Doze mártires [foram contados] em ataques aéreos israelitas em várias zonas da Faixa de Gaza desde o amanhecer", disse à agência France Presse um responsável da organização, Mohammed al-Moughair.
Entre as vítimas estava uma família de cinco pessoas --- um homem, uma mulher grávida e os seus três filhos --- mortos de madrugada num ataque a uma tenda com deslocados no oeste de Khan Yunis, no sul do território, descreveu o porta-voz da Defesa Civil, Mahmoud Bassal.
Quebrando uma trégua de dois meses na guerra que começou há mais de 16 meses, o Exército israelita retomou a sua ofensiva na Faixa de Gaza em 18 de março com o objetivo declarado de forçar o Hamas a libertar os reféns que conserva na sua posse.
A Defesa Civil anunciou ainda que foram hoje encontrados mais 11 corpos numa casa atingida no dia anterior por um ataque israelita em Jabalia, no da Faixa de Gaza, elevando o número de mortos neste bombardeamento para 23.
Dois outros corpos foram também encontrados numa esquadra de polícia na mesma cidade, igualmente bombardeada no dia anterior, subindo o número de mortos neste outro ataque para 11, de acordo com Mohammed al-Moughair.
Na quinta-feira, o Exército israelita confirmou que tinha atacado a zona, especificando que tinha como alvo "terroristas que operavam num centro de comando e controlo do Hamas e da Jihad Islâmica".
Israel anunciou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza se os reféns não forem libertados, disse o chefe do Estado-Maior do Exército, Eyal Zamir, na quinta-feira, durante uma visita ao território.
Mais de duas mil pessoas morreram na Faixa de Gaza desde que Israel quebrou a trégua no mês passado, segundo os últimos dados das autoridades locais controladas pelo Hamas.
O conflito foi desencadeado pelos ataques liderados pelo grupo islamita palestiniano em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e 250 reféns.
Em retaliação, Israel lançou uma operação militar na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 51 mil mortos, segundo as autoridades locais, na maioria mulheres e crianças, e deixou o território destruído e a quase totalidade da população deslocada.
As partes mantêm canais de negociação com os mediadores internacionais -- Egito, Qatar e Estados Unidos -- para uma nova suspensão das hostilidades e libertação dos reféns ainda em posse do Hamas, mas não chegaram a acordo.
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