Ao falar na comissão política de ilha de São Miguel do PS, na Lagoa, Francisco César criticou o presidente do executivo açoriano por não reagir à notícia da Lusa sobre uma auditoria do TdC que revela que o diretor regional da Habitação teve uma conduta danosa no processo de reabilitação de 40 moradias em São Miguel, no âmbito do PRR.
"A resposta do presidente do Governo [Regional] não foi justificar o ato do diretor regional. Não foi criticar o ato do diretor regional. Foi pura e simplesmente ignorar o assunto. Quando um presidente não quer falar de determinados assuntos não está a ignorar o assunto. Está a dizer diretamente aos açorianos e açorianas que está de acordo com aquilo", afirmou.
Numa auditoria a que a agência Lusa teve acesso na quarta-feira, o TdC concluiu que o Governo dos Açores violou os deveres de "boa gestão".
O presidente dos socialistas açorianos lembrou que foi a entidade gestora do PRR quem denunciou a situação e considerou "inadmissível que não haja explicações" por parte do executivo.
"A consequência foi muito clara. A consequência é que por terem violado a lei não puderem candidatar essas habitações ao PRR. Cerca de 300 mil euros que eram para vir do PRR tiveram de vir diretamente do Orçamento da região. Se isso não é lesar a região é o quê?", interrogou.
E acrescentou Francisco César: "Mais grave do que isso é que parece que nada se passou. Foi um dia que saiu nas notícias, um relatório do TdC que diz que a região foi lesada e nada se passa".
O também deputado na Assembleia da República defendeu que o atual Governo Regional está a desperdiçar a herança deixada pelo PS (que governou os Açores entre 1996 a 2020) em matéria de habitação.
"Nós deixámos um Rolls-Royce. Deixámos 60 milhões de euros para investir em habitação, para construir um parque habitacional público para aqueles que são os mais desfavorecidos, mas com oportunidade de também o aplicarem à classe média", sinalizou.
Francisco César visou o Governo Regional por "não pagar o que deve" às instituições sociais, empresas, aos estudantes e às associações desportivas, denunciando atrasos no pagamento do complemento ao doente oncológico.
"Ou o buraco financeiro é muito maior do que declararam e nós estamos numa situação gravíssima de emergência financeira, ou, pior ainda, a incompetência é tal na gestão administrativa do governo que eles não conseguiram junto da banca o adiantamento no início de janeiro para pagar os compromissos mais básicos", vincou.
O socialista acusou o executivo liderado por Bolieiro de "não ter o mínimo de sensibilidade social" devido ao aumento do preço do gás e de estar "sem ideias", exemplificando com os apoios à habitação que "são os mesmos de há dez anos".
"É um governo com quatro anos que envelheceu precocemente. Parece que estão lá há quatro anos e parece que têm mais anos do que nós quando estávamos com 24 e tentávamos inovar e mudávamos as nossas políticas quando achávamos que se tinham esgotado", disse.
César voltou, contudo, a mostrar abertura ao diálogo com o Governo Regional em áreas relacionadas com o hospital de Ponta Delgada, a companhia aérea SATA ou as áreas marinhas protegidas e revelou que esteve reunido com o presidente do executivo a propósito do programa de apoio aos media privados.
RPYP // VQ
Lusa/Fim