O tumulto ocorreu pouco depois da chegada de Venâncio Mondlane àquela província para uma visita privada, que acabou arrastando uma massa de populares em cada paragem do candidato em diferentes pontos da cidade. A situação criou perturbações à normal circulação de pessoas e bens, obrigando a polícia a definir um itinerário, com o qual Mondlane concordou, segundo Gilberto Inguane, diretor da Ordem e Segurança Pública da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula.

"A princípio concordou, sucede que quando foi avançando com a marcha, quero acreditar que se emocionou vendo a avalanche de pessoas que o seguiam, decidiu que devia seguir por uma rota contrária à indicada", que levava à academia militar, trajeto contestado pela polícia, o que gerou uma revolta popular, avançou o responsável.

"A população começou a confrontar a polícia com todas as manifestações possíveis (...) alguns recorreram a arremessos de pedras. A polícia foi obrigada a usar métodos de dispersão e a partir daquele instante o [candidato] seguiu a via que indicamos, mas arrastou as massas para o bairro matadouro e lá novamente incitou a violência contra a polícia, foram arremessadas pedras contra a polícia, há relatos de queima de pneus e a polícia teve de intervir para poder controlar a situação", explicou Inguane.

Sem mencionar números, o diretor da ordem e segurança pública avançou que foram feridos alguns agentes durante os confrontos e foram detidas quatro pessoas, havendo ainda uma outra pessoa supostamente ferida gravemente, segundo a comunicação social local, situação que a polícia prometeu averiguar.

"É uma situação que precisamos averiguar no terreno, vou deslocar-me pessoalmente para o hospital para perceber o que terá acontecido", disse a fonte.

A polícia apelou ao candidato para que não recorra à violência para reclamar os resultados eleitorais, que preliminarmente dão vitória ao também candidato presidencial Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder).

Gilberto Inguane pediu que Venâncio Mondlane recorra aos órgãos competentes para se queixar e que não use o povo, avançando que neste momento a situação está "calma e controlada" na província de Nampula, apesar de alegações de que o candidato terá orientando a população a produzir bombas caseiras.

"Nós temos alguns colegas que foram feridos e este ataque surge porque o candidato Venâncio veio a Nampula provocá-lo, quando estava fora de Nampula não tínhamos esses comportamentos. Então, nós continuamos a apelar ao candidato que não ande pelo país para incitar a violência, não faça isso, parem os vídeos, ele que recorra aos órgãos competentes, se perceber que os nacionais não são suficientes, pode recorrer aos internacionais, Moçambique não é uma ilha, é um país regulado", concluiu Inguane.

Venâncio Mondlane afirmou esta segunda-feira que os resultados de apuramento intermédio das eleições gerais divulgados nos últimos dias pelos órgãos eleitorais moçambicanos representam uma "falsidade" e uma "fraude", reafirmando-se "vencedor inequívoco" da votação de 09 de outubro.

Venâncio Mondlane conta com o apoio do partido extraparlamentar Podemos, depois de ter abandonado em maio a Renamo, maior partido da oposição e assegura que está a realizar a contagem paralela de votos destas eleições, com base nas atas e editais recolhidos nas assembleias de voto em todo o país.

A publicação dos resultados da eleição presidencial pela Comissão Nacional de Eleições, caso não haja segunda volta, demora até 15 dias (contados após o fecho das urnas), antes de seguirem para validação do Conselho Constitucional, que não tem prazos para proclamar os resultados oficiais após analisar eventuais recursos.

LN (PVJ) // VM

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