"Esta operação [...] trouxe o alívio e a alegria tão necessários às famílias que aguardavam impacientemente o retorno de seus entes queridos", disse Christine Cipolla, chefe da delegação do CICV no Iémen.
"Sabemos que muitas outras famílias também estão à espera da possibilidade de se reunirem. Esperamos que a libertação de hoje leve a muitos outros momentos como este", acrescentou Cipolla.
Os Huthis sinalizaram na noite de sexta-feira a intenção de libertar prisioneiros, parte de esforços para aliviar as tensões após o cessar-fogo na guerra Israel/Hamas na Faixa de Gaza.
No entanto, a libertação dos 153 prisioneiros segue-se à detenção de sete funcionários iemenitas das Nações Unidas, o que levou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a condenar a "detenção arbitrária" e a exigir a "libertação imediata" dos presos, assim como a de todos os detidos desde 2021.
"Condeno veementemente a detenção arbitrária pelas autoridades Huthis de facto, em 23 de janeiro, de mais sete membros do pessoal da ONU em áreas sob o seu controlo. Exijo a libertação imediata e incondicional dos detidos na quinta-feira, bem como do pessoal da ONU, das organizações não-governamentais internacionais e nacionais, da sociedade civil e das missões diplomáticas detidos arbitrariamente desde junho de 2024 e dos detidos desde 2021 e 2023", exigiu Guterres, através de um comunicado.
O secretário-geral da ONU insistiu que os seus funcionários - e parceiros - não devem ser perseguidos ou detidos no exercício das suas funções e exigiu garantias de segurança para os bens e funcionários da ONU.
"A sua detenção arbitrária contínua é inaceitável", disse, argumentando que estes "ataques contínuos" têm um impacto negativo na capacidade de prestar ajuda aos "milhões de pessoas" necessitadas no Iémen.
Neste sentido, o representante da ONU exortou os rebeldes iemenitas a "agirem no interesse do povo iemenita e dos esforços globais para alcançar a paz" no país e prometeu que "continuará a trabalhar através de todos os meios possíveis" para conseguir uma "libertação segura e imediata das pessoas detidas arbitrariamente".
A declaração de Guterres surge depois de a organização que representa ter informado, na sexta-feira, que as autoridades instaladas pelos rebeldes Huthis nas zonas sob o seu controlo no Iémen detiveram na quinta-feira vários funcionários da ONU, que se juntam aos 13 detidos desde junho de 2024 pelo grupo armado.
O grupo rebelde, que controla Sanaa e outras zonas do norte e oeste do país desde 2015, lançou vários ataques contra o território israelita e contra navios com ligações israelitas, na sequência da ofensiva desencadeada contra a Faixa de Gaza após os ataques do Hamas de 07 de outubro de 2023.
A ONU interrompeu o trabalho no Iémen, onde fornecia alimentos, medicamentos e outras ajudas.
O novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a integrar os Huthis na lista de organizações terroristas, que fora revogada pelo antecessor, Joe Biden.
JSD (APL) // VM
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