É uma daquelas frases que se usa muitas vezes no futebol, quando as coisas correm mal e não há muito a dizer. É difícil explicar como se domina um jogo, cria ocasiões para marcar e se acaba empatado, graças a um golo sofrido de forma quase infantil num canto e a dois penáltis falhados e outra bola no poste. Por isso, mais vale tentar levantar a cabeça. O presente azul e branco é feito de recordes negativos (5 jogos sem ganhar), mas o futuro começa já amanhã, quando Martín Anselmi pegar numa equipa emocionalmente destroçada, mas claramente com capacidade para fazer melhor, desde que mais confiante.
TER MAIS A BOLA E... SOFRER
Os dragões, aliás, entraram com pressa de mostrar serviço ao novo treinador e, logo no primeiro minuto, Martim Fernandes subiu no corredor direito e fez um cruzamento muito perigoso, mas a defesa do Santa Clara afastou. O ímpeto do lateral durou pouco, pois saiu lesionado aos 15’. Já os açorianos estavam preparados para não ter a bola e baixavam as linhas sem vergonha. O FC Porto parecia controlar o jogo, mas as dificuldades em chegar à baliza adversária com perigo nesta fase acentuavam-se. Aproveitou o Santa Clara, então, para marcar: canto batido aos 33’ e Gabriel Silva só teve de acertar bem com o pé na bola. Sim, leu bem. No camarote, Martín Anselmi até comentou o lance com o adjunto, talvez incrédulo com a forma tão macia como os azuis e brancos defenderam a bola parada.
O golo sofrido motivou os dragões para um final de primeira parte mais incisivo, com Deniz Gul finalmente a aparecer: primeiro viu um golo anulado por posição irregular, depois acertou no poste quando apareceu sozinho na área, a responder a cruzamento perfeito de João Mário. As bancadas animavam-se, mas o resultado não mudou até ao intervalo.
FALHAR DOIS PENÁLTIS É OBRA
A segunda parte começou da mesma forma, com um lance perigoso do FC Porto, desta vez num remate de Galeno. Os dragões, impulsionados pelo apoio dos adeptos, continuavam a circular muito a bola, mas desta vez chegando mais perto da baliza açoriana. Entraram então Zaidu e Rodrigo Mora, para os lugares de Francisco Moura e Vasco Sousa, e a equipa ganhou um lateral mais ofensivo (que até arriscou o remate, aos 59’) e um jogador com mais capacidade de driblar a muralha vermelha que se estendia à sua frente. No entanto, o que se seguiu foram muitos cruzamentos para a área do Santa Clara (e sem Samu não há milagres...).
O tempo ia passando e, numa altura em que o FC Porto até já perdia algum fulgor, o árbitro assinou penálti sobre Galeno, mas o extremo enviou a bola ao poste na marcação. Ainda não era desta, mas os azuis e brancos acreditavam...Não estariam à espera, no entanto, que fosse de Otávio o golo do empate (aos 76'), ele que ainda não tinha marcado ao serviço dos dragões: foi de cabeça, após um livre marcado por Varela.
Entraram Namaso e Pepê (saíram Gul e Gonçalo Borges) e, aos 81, o Santa Clara ficou a jogar com 10, por expulsão de Matheus Pereira. Até ao fim, ninguém mais se sentou no banco do FC Porto e foi de pé que todos viram Galeno a falhar novo penálti. Os colegas consolaram-no no fim, talvez apelando a que levante a cabeça, seja lá o que isso for numa altura destas.