Robert F. Kennedy Jr. declarou que apresentará o seu apoio ao antigo Presidente norte-americano Donald Trump, após suspender a sua campanha independente. Num discurso no Arizona, Kennedy adiantou ainda que pediu para retirarem o seu nome da cédula em estados indecisos - para não “estragar a festa” e acabar ajudar a vice-presidente Kamala Harris -, mas que tentaria permanecer na cédula dos estados democratas.
O ex-candidato independente referiu ainda que Donald Trump se ofereceu para "alistá-lo" no seu Governo, caso venha a vencer. "No meu coração, já não acredito que tenho um caminho realista para uma vitória eleitoral", afirmou Kennedy. "Não estou a encerrar a minha campanha. Estou simplesmente a suspendê-la."
Kennedy diz que a decisão de apoiar Trump é “um sacrifício difícil" para a mulher e os filhos. De acordo com o jornal “The New York Times”, a mulher de Robert F. Kennedy Jr., a atriz Cheryl Hines, expressou particular preocupação em relação a este apoio. Cinco irmãos da família Kennedy divulgaram uma declaração no Instagram argumentando que a decisão de apoiar Trump “é uma traição aos valores" que a família mais preza.
Já Donald Trump, que continua a sua campanha em Las Vegas, já falou com entusiasmo sobre receber o apoio de Robert F. Kennedy Jr. “É algo grande”, afirmou Trump. “Ele é um tipo ótimo, respeitado por todos.”
A campanha de Robert F. Kennedy Jr. já tinha comunicado, momentos antes, que o candidato iria apoiar Donald Trump para Presidente. A campanha também solicitou que o nome de Robert F. Kennedy Jr. fosse removido do boletim da Pensilvânia, adiantou a AFP.
Aquelas declarações surgiram um dia após Robert F. Kennedy ter pedido para ser também removido da cédula do Arizona, menos de uma semana depois de ter enviado bastantes mais do que as assinaturas necessárias para constar no boletim. Alguns críticos levantaram, porém, questões quanto à validade de algumas das assinaturas.
Kennedy prometeu falar no Arizona, em breve, "sobre o momento histórico atual e o caminho a seguir", de acordo com sua campanha. Horas depois, Trump realizará um comício na vizinha Glendale. A campanha de Trump sugeriu que o republicano será acompanhado por "um convidado especial", embora nenhuma das campanhas tenha respondido sobre se Kennedy seria esse convidado.
Ao longo dos últimos meses, Kennedy acusou Trump de trair os seus seguidores, e Trump também criticou Kennedy, definindo-o como "o candidato de esquerda mais radical na corrida".
Contudo, nas mais recentes semanas, as conversas de bastidores têm estreitado os laços entre os dois. Ambas as campanhas passaram meses a acusar os democratas de usarem o sistema de Justiça como arma para seu próprio benefício. E ambas já sugeriram publicamente que poderiam estar abertas a unir forças, com o objetivo comum de limitar as hipóteses de eleição da candidata presidencial democrata Kamala Harris.
No mês passado, durante a Convenção Nacional Republicana, o filho de Kennedy publicou - tendo depois apagado rapidamente - um vídeo que mostrava um telefonema entre Kennedy e Trump, no qual o antigo Presidente norte-americano tentava convencer Kennedy a ficar do seu lado. As conversações entre os dois terão continuado, com aliados próximos de Trump a pressionarem Kennedy para que desistisse da disputa e apoiasse o indicado republicano, revela a AFP.
Trump disse à “CNN” na terça-feira que "adoraria" ser apoiado por Kennedy, que caracterizou como "um tipo brilhante". Também admitiu que "certamente" estaria aberto à possibilidade de o candidato da família Kennedy desempenhar um cargo no seu governo se o independente desistisse e o apoiasse.
Kennedy é filho do antigo procurador-geral Robert F. Kennedy e sobrinho do antigo Presidente John F. Kennedy. Entrou pela primeira vez na corrida presidencial de 2024 como democrata, mas deixou o partido no outono passado para concorrer como independente.
[Notícia atualizada às 20h46 com a confirmação da desistência de Kennedy e o apoio a Trump]