De acordo com uma informação do Ministério da Defesa do Ruanda, o major-general Wilson Gumisiriza, comandante da Divisão de Infantaria Mecanizada das Forças de Defesa do Ruanda (RDF), despediu-se na quinta-feira do contingente das RSF "antes do seu envio para a província de Cabo Delgado".
"O encontro, realizado no Quartel Militar de Kami, em Kigali, incluiu membros da RDF e da Polícia Nacional do Ruanda (RNP) enquanto se preparam para a sua missão, com base em acordos bilaterais entre o Ruanda e Moçambique", refere a mesma informação, sem avançar mais informação sobre o contingente mobilizado.
Esta mobilização coincide com o relato de várias incursões de grupos terroristas em Cabo Delgado, com registo de mortos, mas também de crianças raptadas, em Mocímboa da Praia, segundo fontes locais.
Dirigindo-se ao contingente, o major-general Gumisiriza "instou-os a defender os valores da RDF, a manter a disciplina e a incorporar o trabalho em equipa para representar eficazmente o Ruanda", refere a mesma informação do Ministério da Defesa.
"Esta missão destaca a parceria contínua entre o Ruanda e Moçambique, reforçando os acordos que fortalecem a cooperação entre as duas nações", acrescenta o Governo ruandês.
Uma força de mais de dois mil militares do Ruanda combate desde 2021 os grupos terroristas que operam na província de Cabo Delgado, protegendo nomeadamente a aérea em que a francesa TotalEnergies tem um empreendimento para explorar gás natural, após acordo entre os dois governos.
Esta força começou a ser reforçada em abril, na sequência da saída progressiva da missão militar dos países da áfrica austral.
O Conselho da União Europeia (UE) aprovou em novembro um apoio adicional de 20 milhões de euros para as forças do Ruanda no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, considerando que este destacamento "tem sido fundamental".
A medida, um "complemento" à assistência existente ao abrigo do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, visa "continuar a apoiar o destacamento da Força de Defesa do Ruanda na província moçambicana de Cabo Delgado", indicou na altura um comunicado da estrutura que junta os Estados-membros da UE.
O documento referiu ainda que este apoio permitiria a aquisição de equipamento pessoal e cobriria os custos relacionados com o transporte aéreo estratégico necessário para apoiar o destacamento ruandês em Cabo Delgado.
Este destacamento teve início em julho de 2021, a pedido das autoridades moçambicanas, para apoiar a luta contra o terrorismo em Cabo Delgado e, de acordo com o Alto Representante da UE para os negócios estrangeiros e política de segurança "tem sido fundamental para fazer progressos".
A verba adicional complementa a medida de assistência paralela, no valor de 89 milhões de euros, às Forças Armadas moçambicanas anteriormente formadas pela Missão de Formação da UE Moçambique.
O Mecanismo Europeu de Apoio à Paz foi criado em março de 2021 para financiar ações externas da UE com implicações militares ou de defesa, visando prevenir conflitos, preservar a paz e reforçar a segurança e a estabilidade internacionais.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
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