A musculação, tradicionalmente associada a melhorias estéticas, ao aumento de massa muscular e ao desenvolvimento da força, tem vindo a destacar-se como uma ferramenta essencial na promoção da saúde e na prevenção de diversas doenças metabólicas, incluindo a diabetes tipo 2. Sabe-se que o treino de força desempenha um papel crucial no metabolismo da glicose e na sensibilidade à insulina, tornando-se assim um aliado poderoso no combate a esta doença.

Os músculos não são apenas estruturas responsáveis pelo movimento – funcionam também como um importante reservatório de glicose. Durante o exercício de resistência, como o treino com pesos, os músculos utilizam a glicose disponível no sangue como fonte de energia, o que contribui para a redução dos níveis de glicose circulante. Paralelamente, o treino de força melhora a sensibilidade à insulina, permitindo ao organismo utilizar esta hormona de forma mais eficiente no transporte da glicose para o interior das células. Este processo contribui significativamente para a redução da resistência à insulina, um dos principais fatores no desenvolvimento da diabetes tipo 2.

Estudos científicos demonstram que a prática regular de treino de força pode reduzir significativamente o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2, além de facilitar uma melhor gestão da doença em indivíduos já diagnosticados. O aumento da massa muscular está diretamente associado a um metabolismo mais ativo e a uma maior capacidade de utilização da glicose, ajudando a manter os níveis de açúcar no sangue dentro de parâmetros saudáveis.

Para além dos benefícios metabólicos, o treino de força melhora a composição corporal, promovendo a redução de gordura e o aumento da massa magra. A diminuição da gordura visceral, em particular, está associada a uma menor resistência à insulina e a um melhor controlo glicémico. Além disso, evidências científicas apontam para uma relação direta entre os níveis de força muscular, a qualidade de vida e a esperança média de vida. Indivíduos com maior força muscular tendem a apresentar um risco mais baixo de mortalidade por todas as causas, incluindo doenças cardiovasculares e metabólicas. Estudos indicam que pessoas com níveis reduzidos de força muscular têm um risco até 50% superior de mortalidade precoce, comparativamente com aquelas que apresentam níveis de força mais elevados.

Indicadores como a força das pernas e a capacidade de preensão manual em idosos estão fortemente associados a uma melhor qualidade de vida e maior longevidade.

A introdução do treino de força na rotina de indivíduos com risco de diabetes ou já diagnosticados deve ser feita de forma progressiva e adaptada às suas condições individuais. Exercícios com pesos livres, máquinas de resistência ou mesmo treino com o peso do próprio corpo são opções eficazes. Idealmente, o treino de força deve ser complementado com atividade aeróbica, para um impacto ainda mais positivo na saúde metabólica.

Em suma, investir no fortalecimento muscular não é apenas uma questão estética ou de desempenho físico, é, acima de tudo, uma estratégia eficaz para prevenir e controlar a diabetes. A musculatura ativa é uma aliada poderosa na regulação da glicose, e incorporar o treino de força na rotina diária pode ser um passo decisivo para uma vida mais saudável, equilibrada e duradoura.

Por tudo isto podemos afirmar que o músculo é de facto o órgão da longevidade.

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