
Os Estados Unidos poderão reduzir consideravelmente a sua presença diplomática em África, no âmbito de uma "reorganização estrutural total" do Departamento de Estado, segundo um projeto de decreto presidencial consultado hoje pela AFP.
O documento prevê uma revisão do departamento, que é o coração da diplomacia dos Estados Unidos, até 01 de outubro, com o objetivo de "racionalizar a execução das missões, promover o poder norte-americano no estrangeiro, reduzir o desperdício, a fraude e o abuso" e "alinhar o Departamento de Estado com a doutrina estratégica da América Primeiro".
O atual gabinete para África será abolido e substituído por um "Gabinete do Enviado Especial para os Assuntos Africanos", que responderá perante o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca e não perante o Departamento de Estado.
"Todas as embaixadas e consulados não essenciais na África Subsaariana serão encerrados", lê-se no projeto de decreto, e todas as restantes missões ficarão sob a autoridade de um enviado especial.
O plano inclui a abolição dos gabinetes do Departamento de Estado responsáveis pelas alterações climáticas, democracia e direitos humanos.
A maior mudança é a reorganização da presença diplomática dos EUA em quatro regiões diferentes: Eurásia, Médio Oriente, América Latina e Ásia-Pacífico.
A embaixada dos Estados Unidos na capital canadiana, Otava, também será "substancialmente reduzida", uma vez que Donald Trump continua a alimentar ambições expansionistas em relação ao Canadá, que descreve como o "51.º Estado americano".
Este projeto de decreto faz parte de uma série de medidas tomadas pelo Presidente, Donald Trump, para reduzir as iniciativas de 'soft power' dos EUA e o seu questionamento de alianças de longa data, incluindo com a NATO.
Na semana passada, vários meios de comunicação social norte-americanos noticiaram potenciais cortes drásticos no orçamento do Departamento de Estado, que resultariam no fim do financiamento de organizações internacionais como a ONU e a NATO.
O plano foi inicialmente revelado pelo New York Times e desmentido hoje pelo chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio.
"Trata-se de uma informação falsa", escreveu na rede social X, insistindo que o jornal tinha sido "vítima de mais um embuste".