A diplomacia dos Estados Unidos, da União Europeia (UE), da Coreia do Sul e da Austrália advertiram quarta-feira para uma “perigosa expansão do conflito” caso tropas norte-coreanas apoiem a Rússia na Ucrânia, garantindo ainda uma “resposta coordenada”.

O envio de tropas da Coreia do Norte para a Rússia e a potencial utilização no campo de batalha contra a Ucrânia merece “graves preocupações” por parte dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Coreia do Sul, Nova Zelândia, Reino Unido, Estados Unidos e o chefe da diplomacia da UE.

“Reafirmamos o nosso compromisso inabalável de apoiar a Ucrânia na defesa da sua liberdade, soberania, independência e integridade territorial. Estamos a trabalhar com os nossos parceiros internacionais para uma resposta coordenada a este novo desenvolvimento”, destacara, num comunicado conjunto divulgado pelo Departamento de Estado norte-americano.

O apoio direto da Coreia do Norte à Rússia, para “além de mostrar os esforços desesperados da Rússia para compensar as suas perdas, marcaria uma perigosa expansão do conflito, com graves consequências para a paz e segurança europeia e indo-pacífica”.

“Seria mais uma violação do direito internacional, incluindo os princípios mais fundamentais da Carta das Nações Unidas”, frisaram ainda estes países.

Os aliados condenaram “nos termos mais veementes” a “crescente cooperação militar” entre Pyongyang e Moscovo, incluindo a exportação pela Coreia do Norte e a aquisição ilegal de mísseis balísticos norte-coreanos pela Rússia, em “violação de múltiplas resoluções do Conselho de Segurança da ONU”, bem como “a utilização destes mísseis pela Rússia e munições contra a Ucrânia”.

Estes países manifestaram também preocupação com “a possibilidade de qualquer transferência de tecnologia nuclear ou relacionada com mísseis balísticos” da Rússia para a Coreia do Norte, instando Pyongyang a “parar de prestar assistência à guerra de agressão da Rússia”.

Seul não exclui possibilidade de enviar armas diretamente para Kiev

O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, disse esta quinta-feira que o país não exclui a possibilidade de entregar armas diretamente à Ucrânia, num eventual ajustamento da política de Seul neste domínio.

A decisão foi anunciada na sequência de informações que dão conta do possível envolvimento de soldados da Coreia do Norte na guerra na Ucrânia.

“Dependendo do nível de envolvimento norte-coreano, ajustaremos gradualmente a nossa estratégia de apoio em várias fases. Isto significa que não estamos a excluir a possibilidade de fornecer armas”, declarou o chefe de Estado, em conferência de imprensa em Seul.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, confirmou na quarta-feira “os primeiros combates” das tropas ucranianas contra soldados norte-coreanos que se juntaram ao Exército russo na frente de batalha.

O responsável ucraniano voltou a pedir à comunidade internacional para que “faça tudo o que estiver ao seu alcance para garantir que este passo russo para expandir a guerra falhe”.

O G7 - grupo das sete nações mais industrializadas do mundo -, a Nova Zelândia e a Austrália já tinham anunciado na terça-feira que estavam a preparar uma resposta coordenada à entrada de efetivos norte-coreanos na guerra russo-ucraniana.