
O presidente do Chega, André Ventura, pediu esta sexta-feira ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, um esclarecimento "claro e objetivo" sobre os seus negócios, em nome da "saúde da campanha eleitoral" para as legislativas de 18 de maio. "O que eu sugiro a Luís Montenegro, para todos, não é para o Chega, nem para o PSD, é para todos, é um esclarecimento claro, objetivo e conforme aquilo que é exigível a um primeiro-ministro", afirmou André Ventura, que falava aos jornalistas antes de uma iniciativa no âmbito da pré-campanha eleitoral, em Lisboa.
O líder do Chega quer que o primeiro-ministro e líder do PSD esclareça se "estava ou não a receber dinheiro enquanto era primeiro-ministro", se "é ou não razoável que um primeiro-ministro enriqueça enquanto é primeiro-ministro", além da notícia avançada pelo Expresso de que o maior cliente da Spinumviva é também um dos principais doadores do PSD.
Ventura considerou que "isto levanta pelo menos a suspeita de que o primeiro-ministro não conseguiu ser isento, não conseguiu ser independente e se deixou condicionar por outro tipo de interesses". O presidente do Chega afirmou que Luís Montenegro deve "afastar de vez estas suspeitas que são graves" e considerou que o primeiro-ministro tinha uma "atividade paralela" e um "rendimento paralelo".
André Ventura defendeu que, do "ponto de vista criminal, a justiça deve investigar" e, "do ponto de vista político, o primeiro-ministro deve esclarecer, e tem fugido sistematicamente a isso".
"São questões sérias que não fazem de ninguém culpado à partida, nem inocente à partida, mas que exigem uma explicação, e essa é mais uma notícia que temos esta sexta-feira muito preocupante, que o primeiro-ministro devia conseguir esclarecer, mas junta-se a outras" anteriores, defendeu.
O presidente do Chega defendeu também que "uma explicação neste caso era bom para a democracia, era bom para ele próprio e, sobretudo, para a saúde da campanha eleitoral que vai começar".
"A menos que a justiça tenha alguma intervenção neste espaço de tempo, que não parece que possa vir a acontecer assim imediatamente, este caso só marcará a campanha eleitoral se o primeiro-ministro quiser, porque o primeiro-ministro não tem falta de oportunidades em nenhum dos canais, em nenhum dos fóruns noticiosos, para explicar coisas muito simples que têm que ser explicadas e que ele pode explicar", afirmou.
Ventura disse que "se esta campanha for marcada pela lama, pela falta de ética e pela indecência", será "só porque o primeiro-ministro quis". "Isto não vai morrer porque é impossível um primeiro-ministro, nestas circunstâncias, conseguir fazer uma campanha sem passar por isto", avisou.
Na ocasião, o líder do Chega referiu também as decisões do Tribunal da Relação de Lisboa, que reduziu para seis anos de prisão a pena de Clóvis Abreu, condenado a 14 anos de prisão no caso da morte do polícia Fábio Guerra, e confirmou a condenação a 10 anos de prisão do antigo ministro Manuel Pinho, por ter sido corrompido pelo ex-banqueiro Ricardo Salgado, punido com seis anos e três meses de cadeia.
Aproveitando estes exemplos, e o facto de ser hoje conhecido o programa eleitoral da AD, questionou se PSD e CDS vão estar ao do lado do "fim da impunidade da justiça", ou se vão "alinhar com o PS que prefere não dizer nada sobre isto".
O programa do Chega deverá ser apresentado na próxima semana, depois de Ventura regressar dos Açores, indicou.
André Ventura disse ainda que ficará definido até às eleições se mantém ou retira a candidatura às eleições presidenciais do início do próximo ano.