TURIM — Com um central a lateral-direito e um lateral-direito a lateral-esquerdo, o que havia para correr mal na visita do Benfica a Turim?
O jogo não tinha, todavia, 30 segundos e já os encarnados poderiam estar a ganhar, mas a trivela de Di María não conduziu a bola até Pavlidis, mesmo que o grego se esticasse todo em frente à baliza. E com minuto e meio foi a vez de Schjelderup ser cerimonioso em casa da Juventus, demorando tanto a visar a baliza, em plena área, que acabou por encontrar pernas em vez de golo.
Bah, do lado esquerdo, estava na maior, mas Tomás Araújo apanhava o primeiro susto 20 segundos depois da ocasião do norueguês, quando Mbangula, nas suas costas, atirou de cabeça e convidou Trubin a brilhar. Seria a única verdadeira ocasião da Juventus em toda a primeira parte. Ao minuto 2 (!)
Se dúvidas houvesse, confirmava-se que não havia qualquer coisa combinada em relação a um empate estratégico, o Benfica não parava e ao minuto 6 ameaçava uma vez mais, com Schjelderup a aparecer diante de Périn e a perder o duelo. O guarda-redes que não assinou pelo Benfica porque chumbou nos testes médicos parece estar impecável.
O Benfica pressionava bem, a Juventus não conseguia sair da sua fase de construção, os erros sucediam-se e o jogo prometia golo. Ao minuto 11, Pavlidis errou o desvio, não acertando na bola, mas a superioridade era tal que o 1-0 chegou mesmo ao minuto 16. Kokçu resolveu muito bem aquilo que poderia ser um lance de contra-ataque dos italianos, serviu Aursnes, este procurou as costas da defesa italiana, onde surgiu Bah, com o pé esquerdo, a dominar e depois, sem ponta de egoísmo e com o esclarecimento de um 10, a oferecer a Pavlidis, que escolheu o lado e bateu Perín. Era merecido, mas, estranhamente, saberia a pouco ao intervalo.
Porque os erros da equipa da casa acentuavam-se e o Benfica poderia ter marcado várias vezes, duas delas por Pavlidis, a mais flagrante imediatamente antes do decanso, quando atirou na direção de Perín. A Juventus tinha razões para celebrar, a derrota pela margem mínima era bem melhor do que ser goleada em casa.
Adivinhava-se, pois, uma Juventus diferente na segunda parte. Capaz de pressionar e sair de forma airosa da primeira fase de construção. Não. Foi de Kokçu, com disparo ao lado, a primeira ocasião e repetia-se o que acontecera nos 45 minutos iniciais: tantas facilidades que às vezes os jogadores do Benfica até estranhavam.
Talvez por isso, os jogadores do Benfica começaram a ficar moles e desconcentrados, a atacar menos e pior a defender mais e pior. Thuram e Yildriz, perto do quarto de hora da segunda parte, ameaçaram o empate. O Benfica precisava nitidamente de intervalo... depois do intervalo.
Bruno Lage decidia finalmente mexer. Ao minuto 71, tirava Di María, já com alguns minutos de atraso, e Schjelderup e dava palco a Akturkoglu e Leandro Barreiro. E, desta vez, as substituições tornavam mesmo a equipa melhor, mais fresca e ofensiva. Douglas Luiz ainda fez uma última ameaça, mas ao minuto 80 já era o Benfica quem dominava, quem controlava, quem geria perante um adversário que nem sequer pressionava.
A finalizar, pois, um lance longo e bonito, um regalo para os olhos, Kokçu atirou para o 2-0. Akturkoglu deixou passar a bola e enganou toda a gente. Depois, ele próprio esteve perto do golo. O resto é história. O Benfica avança para o play-off, com brilho. E Bruno Lage atira toda a pressão para o lado de Thiago Motta.