É certo que ainda não apanhou pela frente um desafio da magnitude do duelo desta noite em Alvalade, mas a equipa do Amarante pode orgulhar-se de ter o melhor ataque da Taça de Portugal ao cabo de três rondas.

Os 12 golos apontados pelo conjunto da Liga 3 na prova rainha (média de quatro por partida) são reflexo do pendor ofensivo da equipa e demonstram uma capacidade atacante assinalável, sobretudo tendo em conta que os amarantinos subiram este ano ao terceiro escalão, depois de se terem sagrado campeões do Campeonato de Portugal, e que o plantel é maioritariamente constituído por jogadores com parca experiência a este nível.

O percurso na presente edição da Taça de Portugal teve início em Fafe, curiosamente frente ao líder da Série A da Liga 3 e única equipa acima do Amarante no campeonato. Apesar de jogar fora de portas, a formação de Álvaro Madureira venceu e convenceu (4-1). Seguiu-se nova deslocação e novo triunfo (2-0), na 2.ª ronda, na casa do Eléctrico, em Ponte de Sor.

O primeiro e único jogo em casa aconteceu na 3.ª eliminatória: uma vitória gorda sobre os açorianos do Lajense, por 6-1 garantiu um bilhete para a 4.ª ronda.

Preservar o estatuto de equipa mais goleadora da prova rainha será uma utopia, mas não pode faltar ousadia e vontade de ferir o Sporting em Alvalade, frisou Álvaro Madureira na antevisão ao jogo: «Queremos deixar uma imagem de uma equipa que não se encolheu. Se o jogo permitir, vamos querer atacar a baliza do adversário, não vamos lá com mais medo do que ousadia. Nós vamos mais com o pensamento de desfrutar o jogo, de querer ter bola quando nos for possível, porque sabemos que provavelmente não vai ser como na Liga 3

Na perspetiva de valorizar os atletas individualmente, até por se tratar de uma «montra», porventura única, para os jogadores e para o futuro das suas carreiras, é crucial deixar tudo em campo e manter os olhos na baliza adversária: «Com essa ousadia também promovemos os jogadores. Eles não saem promovidos se chegarmos lá com uma estratégia só de defender a baliza.»

Do outro lado, o técnico de 39 anos espera uma equipa leonina perto da máxima força, com Gyokeres incluído: «Acho que vai jogar, até porque ele fez muitos golos agora pela seleção. Provavelmente o João Pereira quererá meter um 11 muito forte numa fase inicial.»

O central e capitão da equipa, Diogo Vila, também projetou o encontro e realçou que o jogo com os leões acaba por ser um prémio pelo bom momento que atravessa o Amarante: «Depois de tanto sucesso que temos vindo a ter, merecemos esta cereja no topo do bolo, que é jogar em Alvalade.»

Ká Semedo de pé quente para abater o leão

O melhor marcador da Taça de Portugal mora em Amarante. Ká Semedo, ponta de lança cabo-verdiano de 30 anos, já fez o gosto ao pé por cinco vezes na presente edição da prova rainha, com especial destaque para o ‘hat-trick’ apontado ao Lajense, na 3.ª eliminatória (6-1).

Uma verdadeira seta apontada à baliza adversária, Ká Semedo vai tentar ferir os verdes e brancos e dar seguimento ao excelente momento na Taça. Pode formar parelha na linha de ataque com o português Dinho, como aconteceu no último desafio, diante do Trofense (0-1), ou atuar sozinho na frente, existindo a possibilidade de Álvaro Madureira baralhar as contas aos leões e trocar de sistema tático.

Com uma breve passagem no Vitória de Guimarães B no currículo, Ká Semedo encontrou no Amarante o clube certo para ser figura de proa. Chegou aos amarantinos há duas épocas, após uma curta estadia no Idanhense, e desde então tem sido um dos destaques da equipa. Foi um dos heróis da conquista do Campeonato de Portugal e da subida à Liga 3, tendo faturado por 12 vezes na temporada transata.