

Este ano, na NBA, ninguém evoluiu como Cade Cunningham. Talvez chegue a ser paradoxal eleger uma antiga first pick como o jogador que o favorito a vencer o Most Improved Player (MIP), por muitos defenderem que deve ser uma distinção que valorize, acima de tudo, o progresso inesperado de um role player. Não se trata de um pensamento descabido, mas não podemos ignorar o salto que se dá de “promessa” para superestrela incontestável. É exatamente esse o caso de Cade.
Primeiro, olhemos para os números:
– 25,7 pontos por jogo;
– 9,1 assistências por jogo;
– 6,2 ressaltos por jogo;
– 1,0 roubos de bola por jogo;
– 0,7 desarmes de lançamento por jogo;
– 46,0% de eficácia de lançamento;
– 35,4% de eficácia de triplos;
– 85,5% de eficácia de lançamentos livres.
Cade Cunningham chegou a máximos de carreira em pontos (mais 3,0 por jogo que no ano passado), assistências (+1,6), ressaltos (+1,9), minutos (+1,6), desarmes de lançamento (+0,3), cestos concretizados (+1,1) e tentados (2,0), triplos certeiros (+0,2) e eficácia de lançamento (+1,1).
Mais que isso, o progresso dos Pistons ordena que não se pense demasiado nisso. Comparativamente ao ano passado, o record evoluiu de 14-68 para, à data deste artigo, 43-35. Por outras palavras, passaram do estatuto de pior equipa da NBA para ter a presença nos playoffs assegurada com, ainda, pouco mais de cinco jogos por disputar. Muito disso se deve ao point guard e estrela da equipa, Cade Cunningham.
O historial do MIP também faz campanha a favor de Cade. Desde 2010/2011, praticamente todos os vencedores foram, na mesma época, eleitos para o seu primeiro all-star game. São 13 prémios atribuídos e apenas três jogadores a não serem eleitos. Este ano, adivinhe só, Cunningham participou pela primeira vez no principal evento do fim-de-semana dedicado às estrelas da Liga.
Mais que isso, esquematizar uma preparação para travar Cade é cada vez mais complico. Primeiro de tudo, é preciso respeitar o seu lançamento exterior, que atingiu um máximo de carreira no que ao volume diz respeito (seis tentativas de triplo por jogo). No interior, sobressai-se uma nova aposta do base nos ataques ao cesto – de 40,4, no ano passado, para 48,4 nesta temporada – em detrimento dos lançamentos de média distância, que caíram de 17,2 para 9,3.
Se todos os números não bastassem, um olhar atento sobre as prestações dos Detroit Pistons serve de alicerce para confirmar a preponderância que o número dois tem em prol do sucesso coletivo. A produtividade ofensiva da equipa depende da inspiração de Cunningham, seja do ponto de vista individual (é o oitavo pontuador máximo) ou na forma como este potencia as qualidades dos seus companheiros (quarto atleta com mais assistências). A verdade é que, para que as coisas corram bem, a bola tem de passar pelas mãos de Cade. Os números demonstram que é exatamente isso que acontece: posiciona-se no quarto lugar em “toques” por jogo, com 90,7.
Não deixa de se tratar de uma corrida que merece discussão. Há vários atletas que protagonizaram uma evolução que merece ser sublinhada. Falo, por exemplo, de Dyson Daniels, a principal arma defensiva dos Atlanta Hawks e o isoladíssimo líder em steals, com três por partida; de Evan Mobley, uma das peças que catapultaram o surpreendente sucesso coletivo dos Cleveland Cavaliers; de Austin Reaves, que, mesmo partilhando as responsabilidades com LeBron e Luka, está a ter uma época de destaque.
Contudo, considerando todos os fatores em questão e, acima de tudo, os valores apresentados ao longo deste artigo, fico convencido que o favorito a vencer o Most Improved Player enverga o manto dos “Bad Boy Pistons”. Aliás, se perguntarem ao próprio, certamente que conquistar o MIP não é a derradeira meta para a sua carreira.