Em 2023, quando Nuno Alvarez se tornou no primeiro estrangeiro a treinar no campeonato de andebol da Coreia do Sul, os SK Hawks vinham de um quarto lugar e percebiam que tinham de mudar alguma coisa.

A aposta por um treinador português tinha algo de surpreendente, mas o facto de, à data, o selecionador nacional ser Rolando Freitas, ajudava a explicar a aposta. Mas também para o técnico, então com 48 anos, o passo para o continente asiático era inesperado. Mesmo que estejamos a falar de um treinador que já tinha passado por Israel.

Certo é que dois anos depois, todas as partes estão seguras de que a opção foi a melhor. Tanto assim é que Alvarez já decidiu que vai prolongar a estadia no clube da cidade de Cheongju, a cerca de 130 km da capital Seul.

E é precisamente desde Seul que o treinador conversa com A BOLA, na véspera de iniciar a final do campeonato sul-coreano, que atinge pela segunda época consecutiva, ele que acredita que pode conseguir um título que o clube nunca conquistou. Mesmo que pela frente esteja a equipa que domina o andebol no país há uma década.

«O Doosan é campeão há 10 anos e no ano passado perdemos a final em dois jogos. Mas sinto que estamos mais fortes e que a diferença está muito reduzida. Aquilo que tem mais peso é a experiência que eles têm. Erram menos e estão mais habituados a ganhar», resume sobre o adversário que já defrontou quatro vezes esta época, vencendo uma e perdendo quatro.

Além do único treinador estrangeiro, no plantel do SK Hawks há dois jogadores que se expressam na língua de Camões. O lateral português João Furtado, ex-Águas Santas e o guarda-redes brasileiro Bruno Lima, contratado ao Avanca.

Mas os jogadores estrangeiros ainda são uma raridade no andebol sul-coreano. «Não é difícil trazer novos jogadores, mas eles têm de conseguir adaptar-se e entrar nesta lógica de trabalho. O mais importante é terem capacidade de relacionamento e perceber a cultura de respeito da Coreia do Sul», explica o técnico.

De resto, também ele teve de se adaptar a jogadores com características muito específicas. «Não são tão possantes como na Europa, mas têm grande capacidade técnica, são muito explosivos e rápidos a executar», descreve, acrescentando: «A primeira palavra que aprendi a dizer foi cheoncheonhi, que significa ‘calma’. E é a que utilizo mais vezes porque eles têm a cultura de acelerar sempre», sorri.

Por isso, cheoncheonhi! Há um título para ganhar.

A luta para encontrar o novo campeão começa nesta segunda-feira e prossegue na quarta. No sábado disputa-se o terceiro jogo, se for necessário.