
Conquistou a Vuelta em 1987, foi líder da montanha em duas edições do Tour, venceu duas vezes o Critérium du Dauphiné e espalhou magia por diversas estradas europeias. Lucho Herrera, de 63 anos, é considerado um dos melhores ciclistas colombianos de sempre graças ao seu riquíssimo palmarés e, apesar de ter perdido espaço mediático nos últimos anos, o seu nome voltou agora à ribalta... mas não pelos melhores motivos. O ex-ciclista está a ser investigado por supostamente ter mandado assassinar quatro dos seus vizinhos.
Depois de se reformar, no início da década de 90, Lucho Herrera investiu em terras, gado, transportes e imobiliário e focou-se apenas em fazer crescer o seu património, longe do espaço público, fixando-se definitivamente em Fusagasugá, no centro da Colômbia. Herrera alugava e geria de diferentes formas as várias propriedades que tinha na sua terra natal e também em Bogotá, sendo precisamente daqui que provinha a maior parte dos seus lucros. E isto, ao que parece, tem ligação ao referido caso no qual está a ser investigado.
É que Herrera foi agora acusado por dois ex-paramilitares, apelidados de 'Ojitos' e 'Menudencias', de ter ordenado o desaparecimento de quatro vizinhos por supostamente serem guerrilheiros, tendo fornecido fotografias, informações e quantias em dinheiro. Porém, as vítimas não teriam nada a ver com movimentos armados e esta história terá sido inventada para que Herrera se apoderasse dos seus terrenos.
"O Sr. Lucho Herrera ofereceu-me algo para beber e deu-me dois envelopes manila, num deles havia fotografias de 4 pessoas que tínhamos de apanhar, disse que eram milicianos da guerrilha que o iam raptar, e no outro envelope havia 40 milhões e disse-nos que se quiséssemos comprar armas e motas, podíamos comprar armas e motas. Estas pessoas viviam ao lado da quinta dele", disse 'Ojitos'.
A crueldade desta história ganha proporções ainda maiores o com o testemunho do outro paramilitar. "Pusemos dois atrás e dois à frente. Esquartejámos os corpos na estrada de Novilleros para Aguadita, numa quinta à beira da estrada. Cortámos-lhes a garganta e depois cortámo-los com catanas", afirmou 'Menudencias'.
Os paramilitares descobriram mais tarde que as vítimas não eram milicianos, mas sim camponeses sem ligações à guerrilha, e que Herrera tinha "inventado tudo" para ficar com a quinta vizinha. Um deles afirma mesmo que os corpos foram enterrados numa das propriedades do ciclista.