O SC Braga está vivo na Liga Europa! Sem muita mais margem para erros, os arsenalistas apresentaram-se à altura do momento e bateram, esta quinta-feira, o TSG Hoffenheim (3-0) para somar três pontos muito importantes antes de duas partidas decisivas e, teoricamente, mais exigentes.

Numa exibição muito madura de início a fim, principalmente nos momentos sem bola, a equipa portuguesa entrou num ritmo elevadíssimo e aproveitou também o facto de o despertador não ter tocado a horas no lado alemão - entrada amorfa e repleta de erros - para resolver a questão do resultado em apenas dez minutos. Missão cumprida e os bracarenses seguem em lugar de acesso ao play-off.

Duas faces da moeda

Um dos princípios básicos do futebol, daqueles que se ensinam desde tenra idade, assenta nos conceitos de ‘campo grande’ e ‘campo pequeno’. Campo grande quando se tem a bola e que significa alargar ao máximo a equipa para jogar a todo o campo, campo pequeno quando se joga sem bola e cujo objetivo é ‘fechar’ a equipa num bloco com objetivo de proteger a zona central.

Durante o primeiro quarto de hora, o ‘campo grande’ do SC Braga foi gigante nas cabeças alemãs. Já depois de ter aproveitado um erro de Oliver Baumann para abrir o marcador (2’), Bruma iniciou ainda o lance que Roger Fernandes finalizou com mestria (8’). Duas chances claras, 2-0. Antes de estarem cumpridos os primeiros dez minutos. Arranque delicioso.

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Mas para lá de um TSG Hoffenheim atordoado e lento a arrancar como o motor de um carro numa manhã de inverno após uma noite ao relento, houve um SC Braga que soube exatamente como ferir o adversário: no ‘campo grande’. David Jurásek teve dificuldades em definir quando agarrar a referência individual em Roger Fernandes e quando se preocupar com a zona. Acabou várias vezes por não cuidar nem de uma coisa, nem da outra.

Um jogo nos primeiros 20 minutos, outro totalmente diferente nos 25 restantes. Ressalve-se que o TSG Hoffenheim pouco ou nada criou com verdadeiro perigo (Mergim Berisha teve a única real oportunidade), mas o crescimento alemão e desconforto bracarense sentiu-se.

Sobretudo pela direita do ataque, os alemães carregaram e chegaram a zonas prometedoras por via das debilidades defensivas de Gabri Martínez, que a cada paragem do jogo se deslocou até junto da linha lateral para ouvir correções. Sem bola, a pressão cada vez mais sufocante criou problemas na saída de bola aos arsenalistas, mas a solidez defensiva, conjugada com uma linha concentrada e que tirou vários foras de jogo aos alemães, evitou males maiores.

Maturidade que se pede nestes palcos

Gabri Martínez ainda não estará totalmente familiarizado com as rotinas de ala e aparenta, por vezes, estar perdido nas tarefas defensivas, mas a subida de rendimento do jogador espanhol na segunda metade foi tudo o que os bracarenses precisaram para fechar definitivamente a porta ao adversário.

Mais assertivo defensivamente, certamente fruto de correções feitas dentro da única sala onde as câmaras não chegam, o ala deixou de ser o ponto débil que os alemães exploravam e passou, inclusive, a aventurar-se mais também na metade ofensiva. Muitas vezes livre para receber a variação de flanco depois de atraída a equipa adversária para a outra metade do campo, Martínez não se inibiu de galgar metros e teve um par de aparições perigosas no último terço.

Confortável sem bola, porventura até o mais confortável em toda a temporada neste aspeto, o SC Braga não ficou ansioso por não ter tanto a bola. Pelo contrário, os Gverreiros do Minho mostraram a maturidade necessária para competir a este nível, mantiveram-se organizados e à espreita de uma saída rápida para matar o jogo. Só não aconteceu porque Roberto Fernández, isolado, acertou mal na bola e o remate saiu frouxo (68').

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Uma exibição vazia em criatividade por parte dos germânicos não melhorou com as substituições. Também aí Carlos Carvalhal teve mais sucesso do que Christian Ilzer, ao refrescar a frente com Roberto Fernández e fechar definitivamente a direita com a entrada de Víctor Gómez. Até ao final, a sensação foi sempre de que seria a equipa da casa a estar mais perto do golo do que os forasteiros e a sobremesa ficou guardada para os descontos: Vitor Carvalho assinou o melhor golo da noite num pontapé de pé esquerdo, após mais uma jogada inventada por Bruma.

Olhando às contas, o SC Braga ganha novo alento na luta pelo apuramento europeu antes dos jogos teoricamente mais exigentes frente a Roma e Lazio. Pelo meio ainda haverá Union St. Gilloise, mas para já há o ultrapassar de uma verdadeira final.