Tarde perfeita para o Famalicão na Vila das Aves. De regresso às vitórias após derrota caseira ante o Sporting, o conjunto minhoto superiorizou-se ao AVS (2-3) num jogo eletrizante, repleto de momentos de futebol ofensivo, mas também desatenções defensivas que condimentaram de incerteza uma partida com duas equipas ambiciosas, de início ao fim.
Filme de ação = diversão garantida
Vítor Campelos e Armando Evangelista bem apontaram para o regresso aos triunfos como expoente máximo da ambição de AVS e Famalicão e, certamente, não estarão desiludidos. Com grande verticalidade e muito olho pela baliza adversária, o espetáculo foi de elevada qualidade, sobretudo na primeira meia hora.
Vasco Lopes escreveu a primeira linha deste livro de suspense traçado com laivos de ação, fez levantar das cadeiras a bela moldura humana afeta aos avenses e obrigou os muitos famalicenses que motivados pela curta viagem a um silêncio que se provaria momentâneo. Com queda pelos grandes golos e com direito a importação de uma das imagens de marca de Mohamed Salah, o internacional cabo-verdiano disparou a contar depois de uma diagonal cheia de perícia e objetividade.
O momento fez disparar o alarme visitante de imediato e os atos mais esperados continuaram a surgir. De livre, Aranda arriscou a sorte e sugou-a de forma cirúrgica a Ochoa. Duplamente traído pelo sol e por um desvio de última hora na barreira.
Tudo na mesma com apenas 14' jogados e mais ação praticamente no imediato. Desta feita, Rochinha foi proeminente sobre a meia esquerda, vendo o seu esforço premiado com o encosto letal de Gil Dias. Também ele um dos animadores de serviço, o canhoto empurrou para a reviravolta, depois do corte inoportuno de Devenish.
Numa marcha de loucos até ao intervalo, o AVS teve forças para reagir e a igualdade ficou bem vincada na ida para o intervalo. Novamente causador de mossa, Vasco Lopes picou com mestria sobre a defensiva famalicense e permitiu a conclusão perfeita a Akinsola, na cara de Zlobin. Em suma, grande espetáculo para quem assistia, mas vários acertos defensivos a ajustar por Campelos e Evangelista.
Congelar o espetáculo? Nem por isso!
No regresso, temeu-se um registo mais conservador em relação ao espetáculo assistido no primeiro tempo - um filme repetido nestas circunstâncias -, mas tal não se verificou. O AVS começou mais mandão, numa manobra de diversão que espicaçou a resposta à letra do Famalicão.
Sem a mesma eficácia, os Vasco Lopes e Aranda mantinha-se como os grandes catalisadores de cada uma das equipas e os golos pairaram como nevoeiro denso numa manhã de inverno. Nos melhores lances, Piazón obrigou Zlobin à defesa da tarde, na resposta Gil Dias viu o poste tirar-lhe um golo de belo efeito e Zaydou confirmou o insucesso da iniciativa com uma emenda precipitada para as nuvens.
A este desenlace seguiram-se minutos de alguma indefinição e adaptação em virtude das substituições efetuadas de parte a parte. Um período ao qual o Famalicão saiu por cima e com dividendos em mão. Já com Limatta ou Mathias de Amorim em campo, Gil Dias castigou a passividade do AVS à entrada da área e converteu no bis um belo tiro que não deu chances de reação a Ochoa.
Até ao fim, o Famalicão manteve-se mais confortável e controlou com sucesso as intenções do AVS de ainda forçar a divisão pontual.