Issam Asinga mal teve tempo de celebrar o recorde mundial júnior dos 100 m (9,89s) pois foi suspenso por quatro anos pelo uso de um produto proibido. Segundo o atleta de Suriname, de 19 anos, a culpa foi de umas gomas que comeu, mas a alegação não convenceu a Unidade de Integridade do Atletismo (AIU).

Casos há em que mais vale ser vegetariano, pois a carne tem sido um dos maiores pecados dos atletas ao longo dos anos.

Foi o caso de dois espanhóis: o ciclista Alberto Contador e o lançador do disco David Martínez. Ambos testaram positivo, para clenbuterol e nandrolona, respectivamente, e alegaram a ingestão de carne bovina e suína para explicar o controlo irregular. A culpa ser dos bifes, mais uma vez, não convenceu as autoridades competentes.

David Meca também alegou que seu teste positivo foi devido a ter consumido no Brasil um prato chamado sarapatel e feito de miudezas. Foi suspenso mas nunca se conformou. Este ano, o nadador espanhol, voltou a fazer história ao completar, 25 anos depois, a fuga de Alcatraz que o lançou ao estrelato. O nadador, agora com 50 anos, mergulhou nas águas geladas da Baía de São Francisco para enfrentar o desafio de nadar os 6 quilómetros que separam a mítica prisão da costa e cumpriu com sucesso a aposta com os amigos, para reeditar aquele dia memorável, em 1999, em que Meca, com algemas nas pernas, nadou para simbolizar a sua luta contra uma sanção de doping da qual sempre defendeu a sua inocência.

No caso da americana Shelby Houlihan Houlihan o recurso também foi rejeitado. A recordista dos 1500 e 5000 metros explicou que comeu um burrito na noite anterior ao controlo que, segundo ela, tinha carne de porco contaminada. Ela foi submetida a um teste de polígrafo e análise capilar após o positivo para nandrolona, que não validaram o seu argumento, e foi suspensa quatro anos.

Mais sorte acontece, por vezes, no mundo do futebol, onde a exceção gastronómica foi admitida algumas vez. A Concacaf autorizou a substituição de cinco jogadores mexicanos que acusaram positivo, depois da federação azteca insistir até à exaustão que os jogadores eram inocentes e os resultados positivos se deveram, exclusivamente, à ingestão de carne contaminada.

Mais difícil foi o caso do tenista Petr Korda, campeão do Australian Open em 1998, que também aludiu à carne para justificar a presença de clenbuterol nas análises. Porém, a concentração encontrada exigiria comer 40 bezerros por dia durante 20 anos...

Já o ciclista Gilberto Simoni defendeu-se com uns misteriosos doces que uma tia do Peru lhe deu e, no ano anterior, a culpa foi da anestesia do dentista.

Este ano, o teste positivo para a substância proibida trimetazidina de 23 nadadores chineses voltou à baila. O caso ocorreu em 2021 e a Wada não impôs suspensões provisórias ou investigou. De acordo com o relatório da agência antidoping chinesa os positivos foram causados pela comida consumida pelos atletas no Huayang Holiday Hotel, em Shijiazhuang. O documento indica que foram detetados vestígios da substância em latas de especiarias, no exaustor e num dreno.