Já não era sem tempo! A décima primeira jornada, ansiada pelos grandes duelos que alberga, demorou a chegar, mas aqui está. Consigo, além de um SC Braga x Sporting, traz um Benfica x FC Porto, o primeiro da temporada 24/25.
Mesmo que este clássico se jogasse a cada mês - não é o caso, tendo em conta que o último foi disputado em março -, seria sempre aguardado inquietação. É daqueles que vale a pena riscar os dias que antecedem no calendário, que opõe regiões, modos de vida e crenças.
Esta edição d'O Clássico marca mais uma página na história desta bonita e ardente rivalidade. É o primeiro embate entre o Benfica de Bruno Lage e o FC Porto de Vítor Bruno, duas caras que não são estranhas a estas andanças.
Com o intuito de não deixar fugir o leão no topo da classificação, a partida é um must win para ambos os clubes. À espreita estão várias estreias, várias interrogações e vários registos que podem ficar ainda mais vincados na história. Por isso mesmo, redigimos este artigo com cinco pontos de interesse para o duelo do próximo domingo.
Artilheiros em estreia
Primeiro clássico para as novas máquinas de fazer golo de águias e dragões! Kerem Aktürkoglu e Samu Aghehowa têm estado on fire e vão querer deixar a sua marca no jogo deste domingo.
O turco chegou à Luz no último dia do mercado de verão e, desde aí, tem feito as maravilhas dos adeptos. Apesar de já não marcar há três jogos, o extremo esquerdo marcou seis nos quatro duelos anteriores. Com a águia ao peito, já são oito golos e quatro assistências nas dez vezes que subiu ao relvado.
Já o registo de Samu não é menos surpreendente. Curiosamente, também tirou o pé do acelerador nos últimos três jogos, mas antes disso... Ficou em branco nos poucos minutos que realizou em Alvalade e depois foi como o ketchup: já são onze golos em doze partidas.
O espanhol e o turco vão querer quebrar a sequência menos prolífera no clássico, antes de representarem as respetivas seleções - Samu foi, pela primeira vez, convocado para a seleção principal da Espanha.
Um, dois... Três, Vítor Bruno
Mais um momento da verdade para Vítor Bruno. Promovido à cadeira de sonho no começo desta temporada, o ex-treinador adjunto de Sérgio Conceição já conta com uns quantos jogos grandes como técnico principal, sobretudo contra os grandes e eternos rivais.
Para os dragões, a época começou da melhor forma, com uma reviravolta épica na Supertaça frente ao Sporting, campeão nacional. Ainda assim, desde aí, os confrontos de cartaz não foram de boa memória.
Logo pela quarta jornada, os azuis e brancos somaram a primeira derrota - e única, até ver - do campeonato, na desforra em Alvalade. Triunfo leonino, sem margem para segundas interpretações ou ilações.
Ao terceiro duelo interno de grandeza incontestável, é preciso responder à altura, porque os confrontos mais exigentes na Europa - Manchester United e Lazio - também não foram propriamente favoráveis a Vítor Bruno e companhia.
Responder às derrotas europeias
Na quarta jornada das competições europeias. Águias e dragões, na Liga dos Campeões e na Liga Europa, não foram felizes. Como as derrotas não são um hábito em nenhum dos clubes, há que responder com celeridade e não há melhor forma de o fazer que num clássico.
Por Roma, o FC Porto levou dois socos no estômago. A partida, equilibrada - com um remate de Fábio Vieira ao ferro e uma perdida abismal de Samu -, acabou por sorrir à formação da Lazio, graças a dois golos nos tempos de compensação. Difícil de digerir.
Para o Benfica, o resultado não foi mau - 1-0 na Alemanha, em casa do FC Bayern. Foi, inclusive, bem melhor que a exibição. A estratégia definida por Bruno Lage desagradou os adeptos encarnados, por ser, na opinião dos próprios, demasiado conservadora. Pouco ambiciosa para a grandeza e pergaminhos europeus do clube.
Ambos conjuntos promoveram várias mexidas no onze inicial. Azuis com Nico González e Pepê no banco, encarnados a poupar Di María, Pavlidis e Florentino. Mudanças com olhos postos no clássico.
Querer equilibrar a balança
Regressou ao Benfica há relativamente pouco tempo e, para já, o balanço desta segunda passagem é bastante positiva, sobretudo quando comparado ao trajeto descendente de Roger Schmidt. Contudo, por não ser a primeira passagem de Bruno Lage pela Luz, já há cadastro contra o FC Porto.
O atual treinador do Benfica foi o homem do leme numa das mais marcantes vitórias do século na casa do dragão. A dois de março de 2019, à 24ª jornada do campeonato, o Benfica ultrapassou o FC Porto e subiu ao primeiro lugar, posição que nunca mais abandonou. Uma reviravolta, com golos de João Félix e Rafa Silva, embalou a águia para a Reconquista.
Este, porém, foi o único triunfo de Bruno Lage contra os azuis e brancos. Em quatro jogos, o técnico conta com a tal vitória e três derrotas. Duas para o campeonato em 19/20 e uma para a Taça da Liga. Nesse sentido, para Lage, o registo de três/dois será, certamente, bem mais agradável que o de quatro/um.
Defesas de betão? Uma boa questão...
Quatro e seis golos. FC Porto e Benfica, segunda e terceira melhor defesa do campeonato português. Dentro de portas, os dois clubes parecem saber esconder como poucos os caminhos para a baliza. Ainda assim, as defesas, como já mostraram esta época, podem não ser tão sólidas - ou estar tão rotinadas - quanto isso.
No caso encarnado, três dos seis golos foram sofridos nas primeiras quatro jornadas, durante a era Roger Schmidt. Daí em diante, no campeonato e nas Taças, o Benfica nunca concedeu mais de um golo no mesmo jogo.
Na Liga dos Campeões, o duelo frente ao Feyenoord foge à regra. Ainda assim, algumas más abordagens ou posicionamentos erráticos de alguns jogadores - Otamendi, por exemplo - fazem com que persista alguma desconfiança em relação ao último setor das águias.
Do lado azul e branco, a história tem pontos de contacto e de rotura. Os dragões também apresentam um registo muito melhor no campeonato e restantes provas eternas - apenas quatro tentos entraram. Na Liga Europa , em jogos de maior exigência, a história é outra: oito golos sofridos em quatro jogos.
Ainda assim, por pouco que possa significar - e, efetivamente, não invalida os dois golos sofridos em Roma, por exemplo -, a equipa parece mais consistente a nível exibicional. Longe de estar solida, a defesa azul e branca parece-se sentir melhor com Nehuén Pérez e Tiago Djaló no miolo.
Desta forma, o clássico está lançado. O país vai parar para colocar os olhos no jogo grande do fim de semana, um dos maiores duelos do futebol português. Resta-nos, a nós adeptos, encostar no sofá e apreciar o que os protagonistas têm para nos oferecer.