"Se o objetivo for de continuidade do processo, fazer uma transição leve e aproveitar ao máximo aquilo que que tem sido feito, acredito que sim, é o João [Pereira]", disse à Lusa o antigo técnico dos sub-23 do Sporting, questionado sobre se o novo treinador dos verde e brancos é a escolha certa para conduzir os leões ao bicampeonato.
No início de 2021/22, João Pereira 'pendurou as botas' de jogador como campeão nacional, sob o comando de Ruben Amorim, e integrou a equipa técnica de Filipe Pedro, onde chegou "ainda com o 'mindset' de jogador".
"Aquele primeiro impacto" com a nova realidade "foi importante" para o antigo lateral-direito, que "cresceu muito" como treinador, mas também para a equipa que integrou nessa altura, pelo "conhecimento do jogo que teve a capacidade de beber ao longo da sua carreira" e que transmitiu.
A sua chegada a treinador principal dos leões acaba por surpreender "toda a gente", porque "não era esperado que Ruben [Amorim] saísse tão rápido", nem que João Pereira "tivesse uma ascensão tão rápida".
Mas Filipe Pedro acredita que é precisamente o facto de o Sporting atravessar "um momento tão bom" em termos de qualidade futebolística que justifica a decisão de "quem está na liderança" e "espera ter continuidade naquilo que está a ser feito".
"Nesse sentido, o João [Pereira] enquadra-se perfeitamente. Trabalhou com o Ruben [Amorim], conhece os métodos, os treinos, os jogadores, a casa e também tem a inteligência e humildade suficientes para entender que o importante, agora, é continuar e fazer uma transição leve, de forma que os jogadores não sintam muito e se consiga tirar o máximo de rendimento daquilo que já foi feito", anotou Filipe Pedro.
O facto de conhecer os jogadores, no entanto, é uma de "duas questões que podem ser desafios" para o novo técnico leonino, mas que, "ao mesmo tempo, podem ser favoráveis".
A primeira é, como treinador, ter passado apenas pelos escalões de formação. Mas o seu antigo chefe de equipa acredita que isso "foi importante para ele crescer", uma vez que "a formação dá um espaço de crescimento brutal" no início da carreira e "não será difícil adaptar-se ao [futebol] profissional, porque sempre foi o meio dele e é onde quer estar".
"O segundo desafio" será "ter de lidar com jogadores que foram colegas de balneário dele".
"E isso, às vezes, pode ser um desafio. Mas, por outro lado, também pode ser um ponto a favor se o utilizar da forma correta. Os dois desafios, as duas dificuldades, podem ser dois pontos a favor", resumiu o técnico, agora adjunto de Pedro Gonçalves na seleção de Angola.
Outro ponto a favor de João Pereira é ter trabalhado "não só com Ruben Amorim, na fase final", como "também com Jorge Jesus", que "foram duas pessoas muito importantes para ele" e de quem "bebeu" muitos conhecimentos.
"Não só as características de liderança, se bem que, depois, também tem o perfil dele e isso virá sempre ao de cima. Mas, em termos de jogo, sem dúvida que tem algumas bases e ideias que advêm de dois treinadores tão competentes como temos visto", comentou o técnico.
Falando em perfil, Filipe Pedro recordou à agência Lusa "a garra característica" de João Pereira e a sua "personalidade forte".
"É algo que ele tinha como jogador e transporta também para a função de treinador, conseguindo passar isso, também, aos atletas com quem trabalha", revelou o primeiro chefe de equipa de João Pereira como treinador.