Gunner – “membro das forças armadas que opera ou é especializado em armas.”

A segunda jornada da Champions League proporcionou-nos o que, em teoria, será um dos encontros de maior calibre desta primeira fase e que colocou frente a frente, Arsenal e PSG, dois candidatos à conquista da primeira edição com o novo formato.

11 inicial do Arsenal

Sem Martin Ødegaard, que se lesionou ao serviço da Noruega na última paragem para seleções, Mikel Arteta renova a estratégia de jogo e monta a equipa gunner num 4-2-3-1 menos fixo, que se transforma regularmente em 4-4-2.

11 inicial do PSG

Luís Enrique, com Gonçalo Ramos ainda ausente, apresentou um 4-3-3 com falso nove, com Lee Kang-In a desempenhar essa função. O tridente de médios com Vitinha, João Neves e Zaïre-Emery fazia avizinhar uma tentativa de assumir a posse da bola.

História do jogo

Para além desta partida, em quatro encontros oficiais disputados, o PSG nunca tinha vencido a equipa gunner, tendo empatado três vezes e perdido uma, na meia-final da Taça das Taças 1994, em que o Arsenal seria campeão após bater o Parma por 1-0 em Copenhaga.

O jogo começou intenso, com um Arsenal muito pressionante em 4-2-4, com Trossard a juntar-se a Havertz na linha da frente e a condicionar a saída curta do PSG, que devido a não ter em Donnarumma um guarda-redes capaz de construir com os pés, não pôde utilizar essa via como solução para ter superioridade numérica na primeira fase de construção.

Isto originou que o PSG tentasse usar muitas vezes o jogo direto como solução, que raramente funcionou, dadas as características dos homens da frente. Sem Ousmane Dembélé, e com Bradley Barcola e Désiré Doué, a equipa ficou curta no campo e nem sequer existiu um “ganhador de duelos” que permitisse à equipa receber, esperar e ligar.

Trossard foi mais uma vez o elemento-chave do lado do Arsenal, com funções de terceiro médio e segundo avançado. Recebendo na meia esquerda, explorou as costas de Désiré Doué, que atuando como extremo tem muitas dificuldades, e colocou um cruzamento para o sempre presente e autoritário no jogo aéreo, Kai Havertz, finalizar. Fora de postes, Gianluigi Donnarumma voltou a provar que é um guarda-redes tremendamente inseguro.

Pouco depois da meia hora de jogo, surgiram as inevitáveis bolas paradas de Nicolas Jover, o especialista por detrás da enorme eficácia da equipa gunner nesses lances e desta vez nem foi um canto, mas sim um livre lateral do lado direito. Mais uma vez, as lacunas de Donnarumma a penalizarem a turma parisiense.

A segunda parte foi de contraste natural com a primeira e o Arsenal provou porque é que é, neste momento, a melhor equipa do mundo em organização defensiva. Jurrien Timber saiu lesionado ao intervalo, após uma primeira parte de altíssimo nível, Riccardo Calafiori trocou de lado e Jakub Kiwior, substituindo o neerlandês, esteve à altura. Baixou as linhas, com alguma semelhança do que fez contra o Manchester City, e concedeu muito pouco à equipa de Luís Enrique. A equipa parisiense, apesar de tudo, faz uma segunda parte com alguma nota artística com remates de fora da área, conquista da linha de fundo, mas sem uma referência na área para concluir as jogadas.

Para o PSG almejar chegar longe na prova, terá que fazer muito melhor do que isto. Foram raras as vezes que as deslocações de recuo de Lee Kang-In foram respeitadas com um contramovimento oriundo do corredor central e existiu uma enorme dificuldade de contrapor a superioridade física gunner, sobretudo no setor intermédio, onde Vitinha nunca apareceu.