"O Benfica tem que ser bem liderado para poder liderar (...) Estamos preparados para propor uma visão alternativa e sem medo de tomar decisões. Esta candidatura lançará as sementes do sucesso de uma gestão que respeitará os pergaminhos, valores e princípios do Sport Lisboa e Benfica", disse João Diogo Manteigas numa conferência de imprensa realizada numa unidade hoteleira da capital.
Segundo o candidato à presidência dos 'encarnados', a alternativa que quer implementar assentará em cinco pilares fundamentais, o primeiros do quais o associativismo, com propostas para dar mais voz e poder aos sócios e adeptos, que passarão a poder avaliar o resultado das épocas desportivas em assembleias anuais próprias para o efeito.
Neste campo, Manteigas prometeu a realização de congressos por todo o país para debater o Benfica, mais alterações estatutárias para além das que estão previstas na mais recente revisão e que não haverá mais galas sem a presença de sócios e adeptos.
O segundo pilar passará pelo vetor desportivo, prometendo implementar um modelo de gestão no qual o Benfica irá parar de formar para vender no imediato, para formar com o objetivo de reter talento.
"Não é possível criar uma cultura de vitória quando vendemos os nossos melhores jogadores pouco tempo depois de os lançarmos ao mais alto nível. Não entraremos no carrossel de entradas e saídas de jogadores, nem faremos parte do mercantilismo da atual política desportiva do clube", disse João Diogo Manteigas, que deu o exemplo de João Neves.
Segundo ele, jamais teria vendido o médio, considerando que este "era muito mais do que um jogador do Benfica, era uma marca identitária do Benfica", com a agravante dele próprio "não querer sair".
O candidato à presidência dos 'encarnados' vai mesmo mais longe: "Há muitos anos que não víamos um jogador como ele. Era o último a sair, nem que a casa estivesse a arder. O João Neves nasceu para ser líder, e um jogador assim não pode sair. Venderam-no por mercantilismo puro e porque não há um projeto desportivo".
Ainda na vertente do futebol, João Diogo Manteigas afirmou que o 'timing' da renovação contratual do treinador alemão Roger Schmidt foi "errado", lembrando que ele próprio denunciou isso mesmo na altura e que recebeu centenas de mensagens a acusá-lo de não ser benfiquista.
Quanto à demissão do técnico germânico, considera que o Benfica "não tem condições de lhe pagar a indemnização" e que nunca o deveria ter elogiado no comunicado em que anunciou a sua saída, tendo em conta a eventual existência de justa causa para o despedir.
O terceiro pilar, segundo João Diogo Manteigas, passa pelas relações institucionais, com o Benfica a ter de reassumir a liderança do desporto em Portugal.
"Asseguro-vos que seremos vigilantes da Federação Portuguesa de Futebol e teremos voz ativa na Liga. Não há centralização que aguente sem o Benfica, nem há ligas profissionais que aguentem com 36 equipas, por isso temos que exigir a reformulação dos quadros competitivos", frisou.
Quanto ao pilar seguinte, assentará na parte empresaria, com o candidato a prometer uma auditoria credível e transparente, que abranja todas as 12 entidades, desde a SAD à Fundação.
"Exigimos saber o que foi feito na nossa própria casa e não teremos piedade por quem prejudicou ou não protegeu o Benfica. Sabemos que a situação económico-financeira da SAD terá que ser reestruturada urgentemente, e será feita com base num novo modelo desportivo, com a introdução de ferramentas para uma governação sustentável que possa resolver o peso da enorme dívida que acorrenta e estagna o nosso clube", afirmou o candidato.
Finalmente, o quinto último pilar incidirá nas infraestruturas: "Temos que tentar reagrupar todos os atletas das modalidades, de reforçar as infraestruturas do projeto olímpico, de expandir o Campus do Seixal pela Quinta do Álamo, porque estamos constrangidos com sobrelotação de equipas de futebol".
Questionado sobre se iria aproveitar algum ou alguns dos membros dos atuais corpos gerentes para a sua equipa, Manteigas rejeitou liminarmente essa hipótese, numa declaração que lhe valeu uma vigorosa salva de palmas da sala: "Não haverá lugar para ninguém na minha equipa. Da SAD ou da Direção. Ninguém. Os sócios vão tomar conta do clube".
No que respeita à sua candidatura, garante que a mesma vai até ao fim aconteça o que acontecer: "Estamos a um ano e um mês das eleições [outubro de 2024]. Tenho familiares meus sentados nas duas primeiras filas à minha frente. Eles conhecem-me, sabem como eu sou, sabem que vou até ao fim".
Instado a comentar a entrevista do anterior presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, deu uma resposta que voltou a empolgar a sala: "Luís Filipe Vieira é o passado. Rui Costa, o presente. Eu, o futuro".
JEC // PFO
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