
João Félix, tem sido o tema da semana! O avançado de 25 anos, que agora se encontra em Milão, está novamente na ribalta por existir a possibilidade de regressar ao clube que o formou e lançou, o Sport Lisboa e Benfica.
Para além deste possível retorno, Félix, foi recentemente alvo de críticas por parte de alguns fãs e dos seus colegas de equipa, mais especificamente, Kyle Walker que o chamou à atenção por não passar a bola. Com esta nova polémica, uma questão paira na cabeça das pessoas. O que se passou com João Félix?
Estreia de sonho
Vamos voltar então à época 18/19. João Félix, ainda com os seus 19 anos, através de um cruzamento de Rafa e com uma cabeçada potente, coloca a bola no fundo das redes do Estádio da Luz, ao minuto 86, na terceira jornada, em pleno derby lisboeta. Assim começou aquela que seria provavelmente a melhor época de estreia de um jovem na Liga portuguesa.
Após esta terceira jornada, João Félix conseguiu jogar ainda mais três jogos com Rui Vitória. A quarta jornada contra o Nacional, a entrar do banco. A quinta a ser titular contra o Desportivo das Aves em que marca o segundo golo na liga e a sexta jornada contra o Moreirense que também joga a titular e assiste Jonas.
Apesar deste bom início, Félix não se conseguiu adaptar à posição de extremo esquerdo, no 4-3-3 do Benfica e não jogou mais até ao dia dois de Janeiro, último jogo de Rui Vitória no comando técnico das águias.
A segunda volta trouxe uma nova esperança para Félix, com a entrada de Bruno Lage, o jovem jogador estava revigorado, com uma nova posição e no seu primeiro jogo com o novo treinador, marca dois golos contra o Rio Ave na Luz. A partir daí todos sabemos como acabou a história no Benfica. João Félix torna-se peça fulcral no 4-4-2 de Bruno Lage, na posição de segundo avançado móvel, a ser o número 10 de Seferovic. O português e o suíço tornaram-se numa dupla letal, juntos totalizaram 34 golos desde a entrada de Lage. Com uma época de sonho, os rumores começam a soar e 126 milhões de euros depois inicia-se a trajetória cadente de uma estrela.
Com 126 contaram-lhe histórias de reis
É com a chegada ao Atlético de Madrid que a carreira de Félix começa a cair numa espiral. Talvez por precipitação, o internacional português é vendido para um clube que não se enquadra no estilo de jogo dele. Até ao dia de hoje não existe nenhuma razão para o Atlético de Simeone, ter ido buscar um jogador tão criativo e tão ofensivo.
Félix integra no 4-4-2 de Simeone, formação a que vinha habituado a jogar. No entanto, ao contrário do que fazia no Benfica, esta tática exigia dos jogadores uma tremenda capacidade de entrega e pulmão para estar sempre a defender num bloco baixo e partir para o contra-ataque o mais rápido possível.
Desde a época de estreia no Atlético, Félix, jogou maior parte dos seus jogos na posição de ponta de lança, do 4-4-2, com 72% dos jogos nessa mesma posição. No entanto, chegou a ser experimentado a médio centro ofensivo, extremo esquerdo, extremo direito, médio esquerdo, médio direito e médio centro, respetivamente de acordo com a percentagem de utilização.
Nos seus quatro anos de Atlético, apenas conseguiu jogar uma média de 44,75% dos minutos disponíveis em todos os jogos que esteve e totalizou uma média de apenas 54 minutos por jogo. Com a sua última época a apenas fazer 650 minutos em 14 jogos.
A história no Atlético ficou bastante longe do esperado, para um jogador que ganhou o prémio Golden Boy. Talvez tenha sido a pressão e o escrutínio sobre um miúdo de 20 anos, talvez tenha sido mesmo o mau aproveitamento de um jogador por parte de um treinador ou talvez tenha sido a falta de empenho de Félix.

De Londres a Judas
No mercado de inverno de 2023, o prodígio do Benfica, vê em Londres a sua oportunidade para mostrar a Simeone e a todos os seus críticos que vale o dinheiro que apostaram nele. Mas mais uma vez, Félix volta a desiludir.
No seu primeiro jogo pelo Chelsea, estava a ter um bom desempenho até ter sido expulso aos 58 minutos, em Craven Cottage no dérbi de Londres contra o Fulham.
Nos restantes cinco meses nos Blues, Félix, jogou 20 jogos e marcou um total de quatro golos. Com mais uma época fraca e com números fracos, o Chelsea percebeu que o empréstimo mais caro de sempre não valeu a pena e voltou ao Atlético.
Na época seguinte, 23/24, no primeiro dia do mês de setembro, a maior contratação da história do Atlético de Madrid, torna-se um Judas para os Colchoneros, ao ir para o seu eterno rival da Catalunha, o Barcelona.
O empréstimo enfureceu os adeptos de Madrid, especialmente após as várias semanas de relação afetiva entre Félix e o Barcelona, com o jogador a dizer que era o seu clube de sonho.
O período nos culés começou bem, com muitas boas exibições iniciais e com um golo de vingança a Simeone, no Olímpic, contra o Atleti. Mas à medida que a época avançou, Xavi começou a retirar Félix das suas escolhas. Algo que me fez questionar qual seria a razão para simplesmente não resultar para João Félix.
Estava a jogar bem, com boas exibições, a espalhar a sua magia numa equipa que se encaixava perfeitamente com o seu estilo de jogo e do nada deixou de jogar. Logo, não talvez não fosse a tática utilizada, mas sim a sua atitude, se bem que com o Barcelona, Félix, jogou mais na posição de extremo esquerdo, o que não é a melhor posição para ele.
De “Back In Blue” para Rossoneri
O Barcelona decidiu não contratar e então veio o Chelsea para comprar o jogador que no seu período de empréstimo com os Leões de Londres, não fez praticamente nada. Foi um negócio que muitos não entenderam, mas que todos vimos como a oportunidade para a reivindicação de Félix.
Nesta época pelo Chelsea jogou um total de 19 jogos pelo clube e fez um total de sete golos, com quatro desses sete a serem na Conference League, contra adversários objetivamente mais fracos que o nível exigido para uma equipa da Premier League.
Félix não se conseguiu enquadrar neste sistema de Maresca, apesar de ser ideal para o seu estilo de jogo. A razão para a falta de enquadramento, resume-se ao simples facto de existirem melhores jogadores. Na sua posição de número 10, criativo, “lento”, que está em todo o lado, está Cole Palmer, provavelmente um dos melhores jogadores da Liga.
Com a falta de espaço, foi emprestado agora para o AC Milan, mas mais uma vez por azar do destino, vai parar às mãos de um treinador aguerrido, Sérgio Conceição, que se apresenta num 4-4-2, onde Félix já se provou.
Infelizmente é um 4-4-2 mais parecido ao modelo de Simeone do que ao de Bruno Lage. Félix volta a ser entregue a um treinador que gosta de pressão e empenho, tudo o que ele não tem.

O que será de João Félix?
A carreira de João Félix tem sido extremamente imprevisível e longe do que prometia o potencial do jogador de 25 anos. O problema parece ser o facto de os clubes gostarem da ideia de Félix, mas não gostarem da sua prática.
João Félix é um jogador muito inteligente e fenomenal, com um estilo de jogo que se tem vindo a perder, o clássico número 10. Mas parece sofrer do azar de ser contratado para clubes que não se enquadram ao seu estilo, de ser pouco dedicado e ter falta de empenho.
Deixo aqui dois clubes onde Félix pode relançar a sua carreira:
- RB Leipzig
Uma mudança para a Bundesliga, pode ser exatamente o que Félix precisa, uma liga mais ofensiva, mais golos e menos exigência física que a Premier League e a Serie A. O Leipzig pode ser uma opção devido à sua aposta em jogadores criativos e a sua exploração dos espaços entrelinhas.
- Olympique de Marseille
Pelas mesmas razões que a Bundesliga em termos de exigência, porque a Liga Francesa pode proporcionar mais abertura para golos e criatividade. Num sistema atacante de De Zerbi, Félix poderia funcionar, pois o treinador italiano valoriza criatividade e liberdade posicional a número dez.