Terminada a apresentação da candidatura à presidência do Comité Olímpico de Portugal realizada, esta quarta-feira, na sede do organismo, José Manuel Araújo, de 60 anos e atual secretário-geral do COP, disponibilizou-se para responder a perguntas dos jornalistas.
O que, depois de algumas fotografias para marcar o momento, sozinho e com a atual presidente da Comissão dos Atletas Olímpicos, Diana Gomes, e o ex-presidente da CAO, João Rodrigues, concretizou-se.
Face aos anúncios que têm acontecido nas duas últimas semanas de pré-candidaturas ao presidente do COP – casos de Nuno Laurentino (ex-secretário de Estado da Juventude e desporto), Alexandre Mestre (ex-secretário de Estado do desporto e Juventude), Jorge Vieira (ex-presidente da federação de atletismo) e havendo ainda possibilidade de Fernando Gomes (presidente da federação de futebol) avançar – havia o interesse de saber a opinião de Araújo, até porque foi o primeiro a oficializar a candidatura.
É, para mim, a instituição desportiva com o maior relevo e que, agora vemos, muitos querem presidir aos seus destinos nos próximos anos. Não é uma surpresa,
— Está surpreendido com a quantidade de candidatos que estão a aparecer ao cargo?
- A legitimidade de todos é de se candidatarem, de mostrarem que têm interesse. Acho que isto é um sinal muito claro do excelente trabalho e da reputação que o Comitê Olímpico tem em termos nacionais. É, para mim, a instituição desportiva com o maior relevo e que, agora vemos, muitos querem presidir aos seus destinos nos próximos anos. Não é uma surpresa, acho que é até um reconhecimento do excelente trabalho que temos vindo a fazer.
— Já agora, além da quantidade, os nomes que estão a aparecer, surpreendido com esses?
— Os nomes vêm aparecendo até com alguma velocidade, mas, naturalmente, que cada um deles tem as suas motivações e as suas vontades e respeito a vontade de cada um.
— Já há vários nomes a confirmarem a candidatura à presidência do COP. Há um que ainda pode aparecer que é o de Fernando Gomes. O nome do presidente da federação de futebol assusta ou nem por isso?
— Não, nenhum nome me assusta. Naturalmente que respeito todos aqueles que vierem a ser candidatos.
A única vantagem é o tempo que tenho estado a trabalhar para o Comité Olímpico, para as federações, atletas e treinadores. Se isso é uma vantagem, assumo-a, mas não me parece que seja diferente em termos de pensamento e objetivos.
Por ter trabalhado com o José Manuel Constantino e ter sido secretário-geral do COP, sente que isso lhe dá uma certa vantagem em comparação com os outros adversários na corrida?
— A única vantagem é o tempo que tenho estado a trabalhar para o Comité Olímpico, para as federações, atletas e treinadores. Se isso é uma vantagem, assumo-a, mas não me parece que seja diferente em termos de pensamento e objetivos. O nosso objetivo, de facto, foi traçado.
É muito importante que dois atletas, como a Diana e o João [Rodrigues], possam estar disponíveis para assumir novas funções e assumir a vontade de estar na execução das políticas que queremos para o Comité Olímpico.
É uma equipa que se mantém. Aqui há um núcleo duro, como vêem, duas pessoas que estavam connosco, uma numa posição ligeiramente distinta. A Diana Gomes estava porque era presidente da Comissão de Atletas, mas entendeu que este era o momento de prosseguir este trabalho. É muito importante que dois atletas, como a Diana e o João [Rodrigues], possam estar disponíveis para assumir novas funções e assumir a vontade de estar na execução das políticas que queremos para o Comité Olímpico.
— E que cargo é que a Diana e o João vão desempenhar se for eleito presidente do COP?
Os cargos vão ser definidos mais tarde, mas serão membros da Comissão Executiva do Comitê Olímpico na minha presidência.
— Também teve aqui Vicente Moura. É um apoio especial?
— Sim, é um apoio especial. O comandante Vicente Moura é uma referência do olimpismo em Portugal. É absolutamente inegável. É uma personalidade que gosta de deixar, às vezes, algumas mensagens mais fortes, mas foi uma pessoa que também pegou no Comité Olímpico num ponto e deixou-o mais em cima. Nestes três ciclos senti também que estamos a entregar o Comité Olímpico num patamar mais elevado. Agora queremos subir mais patamares. É esse o objetivo da organização e de todos nós.
José Manuel Constantino é uma pessoa que muito respeito e que, naturalmente, percebem que sinta que o legado deste trabalho é um legado dele, obviamente, mas é também de uma equipa que o acompanhou e onde tive a felicidade e o orgulho de estar.
— Não queria dizer difícil, mas suceder a José Manuel Constantino, uma pessoa que deixou uma marca tão grande no COP e até no desporto nacional, é um desafio, de certeza. Como é que o considera esse desafio?
— O desafio é, no fundo, fazer do Comité Olímpico uma instituição maior do que aquela que é neste momento. O professor José Manuel Constantino é uma pessoa que muito respeito e que, naturalmente, percebem que sinta que o legado deste trabalho é um legado dele, obviamente, mas é também de uma equipa que o acompanhou e onde tive a felicidade e o orgulho de estar. Mas, como disse há pouco, o passado é o passado e não podemos estar a olhar sistematicamente para nos compararmos com outras pessoas. O objetivo é fazermos o melhor pelo Comité Olímpico para o futuro.
A proposta que tenho é de aumentar a fatia do programa de preparação olímpica para as experiências olímpicas e ali inserir num modelo colaborativo..., de criar um programa de proteção de talentos a nível nacional e não vejo mais nenhuma instituição com capacidade de o fazer melhor do que o Comité Olímpico de Portugal.
— Das propostas apresentadas há pouco, havia algumas que me recordam um modelo do comitê olímpico francês, que é um bocado quem gere o desporto no país. Um organismo do tipo IPDJ. É também essa a sua ambição, do COP abarcar mais do o movimento olímpico, pois falou do crescimento dos atletas e do desporto em Portugal e isso tem muito a ver com as federações e o Estado. É esse o caminho que pretende, ir além do desporto de alta competição e, sobretudo, a preparação para os Jogos?
— É porque há uma parte da preparação para os Jogos que tem sido, de alguma forma, não negligenciada, mas menos executada. É a parte das esperanças olímpicas. Por isso, a proposta que tenho é de aumentar a fatia do programa de preparação olímpica para as experiências olímpicas e ali inserir num modelo colaborativo - obviamente porque as autarquias do país estão de certeza interessadas e com parceiros privados que temos os primeiros contactos pensados -, de criar um programa de proteção de talentos a nível nacional e não vejo mais nenhuma instituição com capacidade de o fazer melhor do que o Comité Olímpico de Portugal.
— Acha que é possível, neste ciclo de quatro anos, conseguir criar condições para superar esse efeito histórico que foi alcançado em Paris 2024?
— Se não fosse possível não estava aqui. O meu objetivo é subir patamares. A partir desta base que conseguimos sustentadamente ter resultados bons em Tóquio 2020, melhores em Paris 2024 e vamos fazer melhor em Los Angeles 2028. É esse o objetivo. De outra forma, não valia a pena vir aqui fazer a manutenção do dia-a-dia. Outras pessoas poderiam faze-lo melhor que eu.
Mantenho-me em funções até às eleições.
— Toda a gente está à espera para quando será marcada a data da apresentação das candidaturas e da eleição. Quais é que gostaria que fossem?
— As datas são quase inevitáveis. Março será a data das eleições, em Fevereiro, naturalmente, a entrega das candidaturas e, portanto, estamos prontos para esses calendários.
— A partir do momento que apresentou oficialmente a candidatura, pensa suspender o seu cargo no COP ou mantém-se em funções até às eleições?
— Não, mantenho-me em funções até às eleições.