Quando foi divulgado o onze inicial do Benfica para o jogo com o Aves SAD, a conclusão era mais ou menos óbvia: Bruno Lage quis proteger algumas das suas principais figuras antes da visita a meio da semana à Choupana para acertar o calendário.

Havia outra, que encaixava na primeira: com a rotação, dava oportunidades a Arthur Cabral, numa altura em que Pavlidis continua divorciado com o rótulo de goleador que trouxe dos Países Baixos, a Amdouni, a reclamar minutos face ao rendimento como suplente utilizado, e ainda a António Silva e Leandro Barreiro, jogadores com qualidade que podem ser necessários a qualquer momento, com o central a ser ainda um ativo importante que é necessário proteger.

Se o técnico dos encarnados mantivesse o modelo, o 4x3x3 assimétrico, Leandro Barreiro seria o 6, Kokçu o 8 e Aursnes ocupar-se-ia da missão híbrida que costuma ter (chamemos-lhe 8,5 ou falso 10), com Amdouni a partir da direita.

No entanto, sem Ángel Di María para proteger defensivamente, Lage poderia sempre optar por inverter o triângulo a meio-campo. Aursnes e Barreiro poderiam formar um duplo-pivot, com Kokçu a 10 (neste caso, um 10 mais à antiga, criativo e errante) e novamente Amdouni sobre a direita.

Bruno Lage acabou mesmo por mexer no modelo. Fê-lo, porém, no sentido de ter o suíço no corredor central, como segundo avançado. Para isso, Aursnes foi para a direita, Amdouni posicionou-se a 10 (aqui como segundo avançado e não como 10 verdadeiro) e Kokçu ficou ao lado de Barreiro. O 4x3x3 voltou a ser 4x2x3x1, mas ainda assim diferente do de Roger Schmidt.

É que, apesar da nova posição, Aursnes não deixou de ser um terceiro médio, construindo e fechando por dentro, e entregando a largura a Bah.

O golo, aos 17 minutos, surge com Aursnes e Amdouni a combinarem sobre a direita, até que o suíço se vira para Akturkoglu, mais um elemento aposicional, a aparecer na meia lua. O pé esquerdo do ex-Burnley fez o restante.

Lage complicou, teve de emendar e não chegou

As águias não entraram bem na segunda parte e Bruno Lage dez as primeiras alterações aos 64 minutos. Tirou Barreiro e Arthur Cabral, fez entrar Di María e Pavlidis. Só que o Benfica perdeu aí o controlo do meio-campo, apenas com Aursnes e Kokçu. O Aves SAD ameaçou por várias vezes o empate, com Trubin a somar defesas importantes, e Nené ainda a acertar no poste.

Pouco depois, aos 75, o técnico dos encarnados teve de emendar a mão: a dupla turca Kokçu e Akturkoglu deu lugar a Rollheiser e Florentino.

O Benfica voltava ao 4x3x3, com Aursnes, Florentino e Rollheiser no meio-campo, Di María, Pavlidis e Amdouni (depois, Schjelderup) no ataque.

Reequilibrou um pouco a partida, que lhe estava a fugir ao controlo, mas, numa bola parada, foi castigado com um golo ao cair do pano. Quanto da crença dos avenses nessa última jogada não terá vindo do seu melhor período, quando as águias deixaram que o encontro ficasse partido.

Certamente que o técnico das águias levará algo de aprendizagem da partida.