Olhando para a capacidade concretizadora dos 18 clubes da Liga 2, verificamos que o Feirense é um caso sui generis. Os fogaceiros são apenas o 13.º melhor ataque, mas a quatro jornadas do final da prova ainda espreitam uma possível subida de divisão.
Os 32 golos marcados nas 30 jornadas já disputadas não são, de todo, uma marca assinalável, mas a formação orientada por Vítor Martins, fruto de um excelente desempenho defensivo (29 tentos consentidos), continua na metade cimeira da classificação. E falar em acerto na finalização é falar em Leandro Antunes: o avançado já faturou por oito vezes, ou seja, é o responsável por um quarto dos golos da equipa.
O camisola 7 abriu a temporada a marcar na jornada inaugural, oferecendo a vitória frente ao Torreense, mas só voltou a picar o ponto dois meses e meio depois, diante do Marítimo.
O ano civil de 2025 tem sido bem mais profícuo e Leandro Antunes faturou em duas jornadas consecutivas (Académico de Viseu e Felgueiras, no final de janeiro e início de fevereiro), aumentando a contabilidade com o Paços de Ferreira. A veia goleadora voltou a sobressair recentemente, nos embates com Portimonense, Tondela e Penafiel.
Durante esta caminhada na Feira, o avançado, natural de Rio Maior, soma também cinco assistências, registos que atestam bem a sua importância nos fogaceiros. Além de ser o melhor marcador, pode também gabar-se de ter participado em todos os 31 encontros oficiais do Feirense em 2024/2025 (30 na Liga 2 e um na Taça de Portugal), rótulo que apenas Diga também ostenta.
Com formação dividida por Belenenses, Núcleo Sportinguista de Rio Maior, UD Leiria e SC Braga, Leandro Antunes, atualmente com 27 anos de idade, passou depois pelos sub-23 e pela equipa B dos arsenalistas, vestindo ainda as camisolas de Marinhense e Vilafranquense antes de voltar a Leiria para conquistar o único título enquanto sénior: a Liga 3, na época 2022/2023 – já depois de ter apontado o golo da subida, no triunfo (1-0) sobre o… SC Braga B, a 29 de abril de 2023.
Após três épocas e meia de castelo ao peito, seguiu para Santa Maria da Feira e continua a ser feliz. Com uma mobilidade muito interessante – pode jogar em qualquer posição da frente de ataque -, o riomaiorense adapta-se a várias estratégias. Nos corredores faz-se valer da qualidade técnica, em zonas centrais sobressai pela forma como foge às marcações e aparece em zonas de finalização. É fogaça de categoria.
Tiago Reis. Com formação no Cruzeiro e grandes palcos pisados ao serviço do Vasco da Gama, o ponta de lança brasileiro não vingou no Nacional, ficando em branco nos oito jogos que realizou. Decidido a demonstrar todas as suas qualidades, rumou a Chaves e passou a ter (literalmente) a cabeça em Trás-os-Montes. Com seis golos (e duas assistências) em oito jogos, encontrou o seu espaço e está a demonstrar todos os seus predicados: letal na hora da finalização, em ataque corrido e nas bolas paradas, e de um associativismo atacante que aportou bastante ao último terço ofensivo dos flavienses.
Goba Zakpa. Não há idades para os destaques, há qualidade e competência. O costa-marfinense tem um vasto percurso em Portugal, e Lourosa é a sua segunda casa. Representou o Lusitânia entre 2018 e 2020 (23 golos em 52 jogos), sendo que depois de alguns anos no estrangeiro regressou a casa. Leva cinco tentos (e quatro assistências) em 31 encontros, mas além dos números tem também oferecido à equipa um cardápio de soluções que permitem ao conjunto corticeiro estar (muito) bem lançado rumo à Liga 2. Experiente (32 anos), inteligente e com faro pelo golo.
Pedro Clemente. Ora aí está um exemplo paradigmático de que uma descida de patamar pode potenciar o melhor de um jogador. O jovem ponta de lança brasileiro, de apenas 21 anos, está cedido pelo Torreense ao 1º Dezembro e tem agarrado a oportunidade com golos (6) e assistências (4). Muito forte no jogo aéreo, o número 99 está a crescer em Sintra, aproveitando para crescer em contexto de Liga 3 e, dessa forma, piscar o olho ao regresso ao emblema do Oeste. É muito provável que para o ano festeje em Torres Vedras…