Cautelosa? Cínica? Lacrada? A Serie A vive há décadas agarrada a esses rótulos, mas jogos como o deste domingo no San Siro são capazes de desmontá-los facilmente. Que noite de futebol, arte e ópera, magia e emoção, um extraordinário Inter-Juve. O 4-4 final ajuda a perceber os ritmos descontrolados, no relvado e nos corações dos tiffosi.

O Inter pareceu ter o clássico na mão, quando Denzel Dumfries fez o 4-2 aos 53 minutos, só que a Vecchia Signora de Thiago Motta tinha no banco um ás de trunfo para jogar: Kenan Yildiz, o turco de 19 anos, entrou aos 62 e foi a tempo de bisar e reclamar o ceptro de MVP.

O último da noite atirou Francisco Conceição também para essa discussão. O esquerdino recebeu na direita, já na área do Inter, cruzou de pé esquerdo e viu Yildiz, do lado oposto, a rematar e a despejar um balde de água gelada sobre o mundo nerazzurro.

VÍDEO: o 4-4 de Yildiz

Por essa altura, já muito havia para contar e viver neste jogo grande da Serie A. Conceição fez 90 minutos ligado à corrente, extraordinário no um para um, e ofereceu o segundo da Juve a Timothy Weah, após bailar na direita e trocar os olhos a Alessandro Bastoni.

Do outro lado, e a ver tudo a partir do banco de suplentes até ao minuto 87, estava Mehdi Taremi. O iraniano, também ex-FC Porto, entrou para a fase final e ainda foi a tempo de dar um abraço a Chico neste reencontro longe da Invicta.

Dois penáltis marcados por Piotr Zielinski deram os primeiros dois golos ao Inter, Vlahovic e Weah responderam para a Juve e depois surgiram Mkhitaryan e Dumfries nos marcadores, até Motta olhar para o lado e lembrar-se que, sim, seria boa ideia lançar Kenan Yildiz.

Apesar do espetáculo e do festival de ameaças e golos, o empate não agrada a nenhum dos intervenientes. O Napoli lidera com 22 pontos a Serie A, agora com mais quatro do que o Inter e mais cinco do que a Juventus.

VÍDEO: o baile de Conceição antes do golo de Weah