
Dois anos após ter ajudado a seleção da Associação de Basquetebol do Porto a ganhar os sub-14 femininos da Festa de Basquetebol juvenil, Margarida Postiga, filha do ex-futebolista internacional português Hélder Postiga, voltou a Albufeira, para contribuir para o êxito da ABP. Desta feita batendo Santarém (58-42) na final de sub-16.
Terminou com 10 pontos, com 2/3 em triplos, 2 ressaltos, 1 assistência, 3 roubos de bola e 4 turnovers em 19 minutos. Terceira jogadora, das 15 da equipa, mais utilizada na final, Margarida, de 15 anos, teve forte contributo para que o Porto conseguisse, pela primeira vez, o tri no escalão. Repetindo o êxito de Aveiro (2009, 2010, 2011) e Lisboa (2016, 2017, 1018). Na bancada, o pai e a mãe, Ana Filipa, acompanharam o torneio ao longo dos quatro dias, vestindo uma t-shirt da AB Porto.
«Há dois anos estava muito nervosa, era a primeira vez que estava na Festa do Basquetebol. Mas agora, posso dizer que melhorei muito, graças aos meus treinadores, colegas e também ao meu esforço», conta a extremo, de 1,70m, que atua no Clip Teams. «Da outra vez estava demasiado nervosa e não pensava que o basquetebol me ia ajudar tanto na vida e no meu dia-a-dia. Estou muito agradecida só de ter esta oportunidade de vir e ter estes momentos com a equipa, as minhas amigas — tenho cá duas colegas de equipa [Gabriela Carvalho, Maria Marcelino] e o Filipe [Rocha, adjunto da seleção de Sérgio Pinto]. Sinto-me muito feliz por todos os treinadores e colegas que me ajudaram e deram confiança para continuar. Acho que foi isso que me ajudou a chegar aqui e a conseguir esta vitória», conta Margarida, num só fôlego, depois de ter subido ao pódio para receber a medalha e festejar a entrega do troféu.
Afinal, para quem estava tão nervosa há dois anos, hoje, correu tudo muito bem? «Sim! Queria dar tudo e mostrar que merecíamos este título. Nas sub-14 não sabia que poderia levar o basquetebol tão a sério e hoje penso que é algo que me ajuda imenso diariamente. Só quero agradecer», reforça.
E esperava marcar tantos pontos [os jogos são só de 32m]?« O mais importante é que dei o máximo e contribuí para a equipa».
E que é que pretende do basquetebol, chegar a sénior, à seleção? Estudar nos Estados Unidos e jogar? «Por acaso, isso é um sonho que tenho recentemente», responde de imediato e abrindo o sorriso. «Agora quero levar o basquete como uma coisa a sério, gosto mesmo de jogar, mas, principalmente, o meu sonho é chegar aos Estados Unidos, passar lá uns tempos, porque será uma experiência inesquecível, e mais difícil que todas as outras», conta Margarida que ainda «não tem nada em mente», em termos de curso.
«Sou uma boa aluna e se conseguir uma bolsa com a ajuda do basquetebol, poderei conseguir e aproveitar as diferenças do jogo, dos treinadores e do ambiente», revela a jogadora do Clip Teams, onde joga desde os 10 anos.
E, tendo um pai futebolista, como foi parar ao basquetebol? «Os meus pais queriam que eu fizesse uma modalidade e eu adoro desporto e todas as modalidades», conta. «Já pratiquei muitas, mas quando cheguei ao basquetebol não conseguia jogar. Era horrível e não tinha confiança nenhuma. Não queria ir aos jogos e não jogava. Por isso, disse que o mais importante foi a confiança que as minhas colegas e treinadores me deram. O apoio de todos quando erro ou até quando consigo qualquer coisa super-boa. Para o bem ou para o mal, estão sempre lá» afirma Postiga que antes também passou pelo ténis, futebol e ginástica rítmica.
«Pratiquei muita coisa, mas nunca me tinha identificado com o basquete. Estou tão grata por ter todas estas conquistas que entretanto consegui», completa Margarida sem ter qualquer ídolo na modalidade, seja a nível nacional, NBA ou WNBA. «Por acaso não. Até porque só recentemente quis levar o basquete mais a sério. O que aprecio mesmo é o jogo em si, estar em equipa e com o espírito que há em campo», esclarece.
E em casa, não ficaram com pena de não ter ido para o futebol? «Não, não... A minha família sempre foi virada para o futebol. Estávamos sempre numa casa só de futebol. Vivi em Espanha, depois vim para Portugal, sempre a mudar de casa, mas cresci num ambiente de futebol com o meu pai. Penso que o basquetebol trouxe para a família um momento super diferente. Começaram a adorar ir ver os jogos, apoiar-me. O apoio da minha família também me ajudou imenso».
E tem de explicar as regras ao pai ou ele percebe de basquetebol? «Desde que entrei no basquete ele gosta de ver em casa e vai acompanhando alguns jogos na televisão, mas claro, às vezes tenho de o ajudar um bocadinho», ri-se. E se jogar um contra um contra ele, quem ganha? «Eu! Eu! Mas ele também é muito forte.»