- Sporting e Rio Ave defrontam-se pela quarta vez esta temporada. Já serão poucos os segredos, mas o que espera do jogo?

- Espero um jogo difícil, estamos no intervalo, por assim dizer, independentemente de estarmos em vantagem, o 2-0 é o resultado muito inglório e matreiro do futebol, é sempre muito perigoso. Acredito que o Rio Ave vá entrar forte para conseguir lutar pela passagem à final e a nós compete-nos entrar com o mesmo rigor que temos entrado, com a mesma ambição, com a mesma intensidade, para jamais deixarmos do outro lado o rival acreditar e tentar resolver a eliminatória o mais rápido possível.

- Olhando para a luta pelo título nesta reta final do campeonato, e estando à vista novo duelo com o Benfica na Taça de Portugal, o que é que o Sporting tem que o Benfica não tem e vice-versa nesta luta a dois?

- Posso falar do Sporting. Temos sido uma equipa bastante competente e competitiva, acima de tudo, temos crescendo aos poucos, com muito treino, às vezes torna-se difícil com jogadores a chegar, mas temos tido essa paciência e capacidade de começar a ganhar mais jogadores. O Pote [Pedro Gonçalves] por exemplo já voltou, o Morten [Hjulmand] também começa a estar melhor em termos físicos, desde os jogos de seleção que andava a jogar com algumas queixas. Temos recuperado a confiança e a capacidade física de alguns jogadores e a equipa tem crescido a todos os níveis, em termos de confiança, intensidade, coesão. A nós resta-nos continuar neste crescimento, neste ímpeto, e focarmo-nos naquilo que controlamos. Se formos competentes nos nossos jogos, chegamos ao fim e seremos aquilo que queremos.

- Como tem sentido os jogadores neste momento decisivo? Já se percebeu que o grande rival Benfica está forte e só um grande Sporting pode chegar ao final e ser feliz.

- O Sporting também está forte. Os jogadores falam por mim e por eles. Penso que disse isto depois do jogo com o SC Braga, em que empatámos, que via a equipa super confiante. Mesmo no dia seguinte, por mais que sentíssemos o empate, e sentimos, como é lógico, mas olhava para os jogadores, e sou muito observador, gosto muito de ver, falar, às vezes até de coisas que nada têm a ver com futebol, e senti sempre a equipa confiante e tranquila. É manter essa tranquilidade, mas acima de tudo, nesse rigor. Tudo conta e é isso que peço, eles têm tido essa capacidade, nestas últimas jornadas tudo vai valer, em termos do que é descanso, alimentação, hidratação para estarem melhores e mais disponíveis. Eles têm tido esse rigor e foco, é manter isso. Desde que cheguei jamais senti a equipa com semblante triste ou de dúvida, que era isso que eu não queria e desde o início pedi, que jamais duvidassem deles. São campeões nacionais e assim têm de acreditar. Senti que são muito bons, são os melhores, até à data, e só dependemos apenas e só de nós.

- Morita está disponível para este jogo? Como vê esta reta final do campeonato, em que quem escorregar pode ser a morte do artista, mas também se tem falado muito de arbitragens e cartões amarelos. Vai fazer alguma gestão nesse sentido?

- Morita não está disponível para este jogo da Taça. Acredito, e tinha dito isso no final do jogo com o Moreirense, que estará para o Boavista, pleo menos para para poder estar com a equipa. Em relação aos cartões, acho que nem tem lógica falar disso. É algo punível e nem tem lógica falar nisso. É olhar e sentir que tenho confiança em todos os jogadores. Eles têm dado resposta e a malta que tem entrado também está ligada e tem ajudado a equipa. A energia está lá no alto, todos com vontade de ajudar quem está lá dentro. Sempre muito confiante nos jogadores que fazem parte do nosso plantel. Em relação às arbitragens... não vou entrar nisso. Nem tem lógica estar a falar disso, o jogo de amanhã é para a Taça de Portugal. Temos um jogo muito importante porque queremos estar na final da Taça.

- O Sporting tem vantagem de dois golos. Tendo em conta a conjuntura atual vamos ver uma Sporting mais expectante, no sentido de gerir a vantagem, ou, como sempre faz, entrar logo para ganhar?

- Isso [gerir a vantagem] seria um erro. O 2-0 é o resultado mais perigoso do futebol. Jamais poderíamos entrar expectantes. Queremos sim ser o Sporting que temos sido. Podíamos ter feito mais golos em casa, tentar ser o Sporting que fomos nos primeiros 25 minutos com o Rio Ave, adversário que, apesar de jogar em campo emprestado, é uma equipa, para o campeonato, tem apenas três derrotas em sua casa este ano. Têm os seus adeptos, os seus pontos fortes a jogar em casa, e apesar de não ser o seu campo não deixa de se sentir em casa. Será um jogo difícil, onde a outra equipa irá acreditar sempre, é um jogo que dá a passagem à final da Taça de Portugal, onde toda a gente quer estar e é um sonho. Jamais vamos entrar em modo expectativa, queremos resolver o mais cedo possível a eliminatório a demonstrar que estamos ali para sermos competentes e ganhar, acima de tudo.

- Já fez 300 jogos como treinador, em menos de uma década subiu a escadaria desde o Campeonato de Portugal até ao campeão nacional e, desde dezembro, conseguiu registo de 15 primeiros jogos na Liga que melhor só há 28 anos. Já disse que está a cumprir um sonho, mas tem passado algumas noites em claro?

- Noites em claro é quando alguém se aleija e temos de fazer uma ginástica naquilo que é montar a equipa [risos] e ter uma equipa competitiva para ir a jogo. Não ligo muito a isso. Fico feliz por vocês falarem [dessas estatísticas] de coisas que nem às vezes eu sei, mas estou focado em chegar à final da Taça de Portugal, e ao final do campeonato e termos sido capazes de ser bicampeões, é esse o meu foco. Se isso não acontecer, 15 jogos ou 300 não me valem de absolutamente nada. Estou focado é nas vitórias, isso é que acrescenta valor.  

- Gyokeres está bem colocado na corrida pela Bota de Ouro, mas cada golo de Salah vale dois pontos e os do Viktor valem 1,5. Como é que o jogador está a reagir à possibilidade de vencer tão prestigiado prémio. E você, acredita ser possível?

- Acredito porque ele é muito competitivo. Não só em jogo como em treino, é exatamente igual, muito competitivo. É esfomeado por aquilo que é golo, por chegar à baliza adversária. Tem melhorado desde que chegou ao Sporting, até naquilo que é o seu jogo individual também, no jogo associativo com os colegas. É desfrutarmos enquanto podemos ter essa oportunidade, tem demonstrado ser um jogador acima da média. Vejo-o completamente focado e com uma fome e ambição de ser capaz de ajudar a equipa a ser novamente campeã e a disputar a final da Taça, que é um objetivo nosso.

- Surgem notícias de que o Sporting mantém o interesse em Alberto, um jogador com quem já trabalhou. Sendo que o Sporting já contratou Kochorashvili, na sua ideia para a próxima temporada, vê a equipa a voltar ao sistema de quatro defesas?

- Estou é focado neste ano e não no próximo. Não vou falar do Alberto, tem contrato com a Juventus. Vocês sabem que o admiro, foi meu jogador, tentámos em janeiro, não fugimos a isso, mas é um jogador que não pertence ao Sporting, tem contrato com um grande clube.

- Tem sido falado nos últimos dias que caso a final da Taça de Portugal seja entre Sporting e Benfica não ser disputada no Jamor. Já falou que seria um sonho, imagina-se a jogar a final da Taça sem ser no Jamor?

- Compreendo os dois lados. Já estive no Jamor a assistir a finais e, em questão de segurança, pode ser mais difícil de controlar. Mas em relação à magia da final da Taça não me vejo fora do Jamor. O sonho e a magia da final desta competição é muito à volta daquilo que é o ambiente do Jamor e do que se vive como ambiente de final. Acredito, e apesar de qualquer problema que possa existir em termos de segurança, e isso já que ultrapassa, que ainda possa ser feita no Jamor.

- Caso o Burnley ganhe hoje ao Sheffield United alcança a subida de divisão e Edwards será contratado definitivamente pelos ingleses. A nível desportivo parece-lhe que o jogador foi aproveitado ao máximo pelo Sporting?

- É algo que me ultrapassa um bocadinho, tem mais a ver com a estratégia de empréstimo ou venda do atleta. Se foi aproveitado ou não, não posso falar muito. Comigo pouco ou nada jogou. Para trás, foi importante em alguns momentos, noutros nem tanto. Faz parte dos momentos de forma dos jogadores. Independentemente disso, isso tem mais a ver com a estrutura do que comigo.